08 Janeiro 2024
O teólogo e filósofo franciscano padre Paolo Benanti, conselheiro do Papa Francisco sobre os temas da Inteligência Artificial e da ética da tecnologia, é o novo presidente da Comissão IA para a Informação.
A reportagem é de Domenico Agasso, publicada por La Stampa, 06-01-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
A informação foi divulgada pelo subsecretário de Editoria Alberto Barachini, no dia da demissão de Giuliano Amato, que sai após o confronto com Giorgia Meloni.
O ex-primeiro-ministro sai no dia seguinte à coletiva de imprensa de início de ano da Presidente do Conselho dos Ministros.
O jurista explicou ao Corriere della Sera: o órgão em questão, criado para estudar riscos e oportunidades ligados à IA, “é uma comissão da Presidência do Conselho, e dado que a minha a nomeação não resulta ser uma iniciativa da Primeira-Ministra, certamente deixarei o cargo. É uma pena, perdem algo."
Amato acabou na mira da primeira-ministra por causa de uma recente entrevista ao La Repubblica em que expressava dúvidas e apreensões para o novo ano, falando de "uma direita populista" e de “democracia em risco”.
A Primeira-Ministra disse “estar chocada pelas declarações relativas ao Tribunal Constitucional", enquanto Amato afirma não ter "absolutamente falado sobre a eleição dos juízes do Tribunal Constitucional. Destaquei outro problema. Falei sobre a recepção de decisões do Tribunal, independentemente de quem a elegeu, e até hoje na Itália nunca foi a Presidente do Conselho a apresentar essa questão. Começaram outros membros da sua maioria, mas não ela."
Tudo isso, sem falar que Giorgia Meloni no final de outubro não escondia a sua desaprovação pela nomeação de Amato como chefe do grupo de estudos de IA.
Então agora é a vez de Benanti.
Entre os maiores especialistas no assunto, o religioso da Ordem Terceira Regular, 50 anos, é professor de Teologia moral e bioética na Universidade Gregoriana, leciona Ética e Bioética, Ética da Tecnologia e Inteligência Artificial. É o único italiano membro do Comitê de IA das Nações Unidas.
Para o docente franciscano, “a misericórdia e a igualdade serão fundamentais nos robôs, mas em primeiro lugar a dúvida será decisiva. Se conseguirmos inserir no ChatGPT a capacidade de duvidar de suas próprias respostas teremos realizado algo que respeitará muito mais a natureza de mulheres e homens".
Esses são os principais valores morais a transmitir à IA para que “permaneça humana”, segundo o apelo do Presidente da República Sérgio Mattarella.
Benanti afirmou isso na entrevista ao La Stampa publicada na última quarta-feira. O Teólogo define como crucial também a transparência. Nós, humanos, devemos sempre poder saber qual é a finalidade da máquina. Ter um robô transparente permite visão e verificação, e permite a verdadeira ação daquele que pode ser ético, isto é, o homem”.
Sua maior preocupação? “O uso da IA para manipular. Esse é o grande medo para 2024: nos meses em que grande parte do Ocidente, e não só, terá eleições, as fronteiras finais são as IAs generativas, que podem criar imagens e mensagens capazes de veicular a opinião das pessoas".
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Itália. Algoritmos, frei Benanti é o novo presidente da Comissão IA para a Informação - Instituto Humanitas Unisinos - IHU