05 Janeiro 2024
A reportagem é de José Lorenzo, publicada por Religión Digital, 04-01-2024.
"A Igreja na Alemanha embarcou em um caminho sinodal, sobre o qual escrevi uma carta em 2019, e que desejo que seja mais amplamente conhecida, meditada e posta em prática". Com essas palavras, pronunciadas esta manhã durante uma audiência a uma delegação da Sociedade de Jornalistas Católicos e Publicitários (GKP) alemães no Vaticano por ocasião do 75º aniversário de sua fundação, o Papa expressa uma crítica direta à acolhida que aquele texto teve quando essa iniciativa reformista dentro da Igreja alemã começava a dar seus primeiros passos.
Na missiva, ele expressou, como mencionado por Katholisch, dois aspectos "para não se extraviar" nesse processo. "Sobretudo, está o cultivo da dimensão espiritual, ou seja, a alinhamento concreto e constante com o Evangelho e não com os modelos do mundo, redescobrindo a conversão pessoal e comunitária através dos sacramentos e da oração, a docilidade ao Espírito Santo, etc., não em relação ao espírito dos tempos".
Por outro lado, "a dimensão universal – a dimensão católica – também é importante para que a vida de fé não seja entendida como algo que se refere apenas ao próprio âmbito cultural e nacional", e, nesse sentido, "a participação no processo do Sínodo mundial é útil deste ponto de vista", afirmou Francisco.
"De qualquer forma", enfatizou a importância de "não adotar uma postura introspectiva", mas sim sair para levar a mensagem cristã a todas as esferas da vida, utilizando os meios e oportunidades disponíveis hoje, porque "uma Igreja que se preocupa principalmente consigo mesma se torna autocentrada", alertou o Papa.
Na mencionada Carta ao Povo Peregrino de Deus na Alemanha, publicada em junho de 2019, Francisco elogiou os esforços reformistas dos católicos alemães, mas, ao mesmo tempo, chamou à unidade com a Igreja universal. Posteriormente, em janeiro de 2023, os cardeais Parolin, Ouellet e Ladaria enviaram outra carta, com o conhecimento explícito do Papa, estabelecendo limites que o Caminho Sinodal, no qual também participam os bispos alemães, não deveria ultrapassar.
Mas à parte desta observação sobre o Caminho Sinodal que o Papa faz à Igreja alemã através dos jornalistas católicos desse país, na audiência desta manhã, e em relação à situação social-democrata que ainda é a locomotiva da Europa, Francisco afirmou que há "bastantes necessidades" mesmo em um país rico e altamente desenvolvido.
"Neste contexto, mencionou, entre outras coisas, o problema da pobreza infantil, a situação financeira por vezes difícil das famílias e a situação dos imigrantes e refugiados, que a Alemanha acolheu em grande número", relata Katholisch.
"O Deus do amor espera lá as boas notícias da nossa caridade. Ele está à espera de cristãos que saiam e estendam a mão às pessoas marginalizadas", disse o Papa, algo que "também requer profissionais da mídia que tragam as histórias e os rostos daqueles a quem quase ninguém ou ninguém presta atenção", acrescentou.
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Papa critica a recepção fria da Igreja na Alemanha à sua carta sobre o Caminho Sinodal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU