14 Setembro 2023
Em janeiro, os Estados Unidos prometeram à Ucrânia 31 tanques de batalha Abrams.
A reportagem é publicada por Deutsche Welle, 08-09-2023.
Agora, o Pentágono também quer fornecer ao país, em guerra contra a Rússia, munições de calibre 120 milímetros com urânio empobrecido, que integram um pacote com outros armamentos no valor de US$ 175 milhões (cerca de R$ 860 milhões na conversão direta).
Esse tipo de munição tem causado controvérsia por utilizar material radioativo.
A munição de urânio consiste, em grande parte, de urânio empobrecido, produzido como resíduo radioativo durante o enriquecimento de urânio. No processo de enriquecimento, é produzida uma grande proporção de urânio empobrecido, que contém uma parte muito menor desse isótopo radioativo.
Embora o urânio empobrecido tenha uma proporção muito menor do isótopo radioativo U-235, usado na produção de armas nucleares, os projéteis fabricados com esse material têm alto poder de penetração. As balas com urânio empobrecido são tão duras que podem penetrar a superfície externa de um tanque. Além disso, no impacto, o projétil derrete e libera pó quente de urânio, que se inflama espontaneamente ao entrar em contato com o oxigênio do interior do veículo.
O fogo queima viva a tripulação do tanque inimigo e, caso o veículo esteja transportando munição ou combustível, também poderá ocorrer uma explosão em seu interior.
Quão graves pode ser a consequências a longo prazo?
A questão do perigo a longo prazo para pessoas e natureza é controversa entre os especialistas. No Iraque, segundo um relatório dos Médicos Internacionais para a Prevenção da Guerra Nuclear (IPPNW, na sigla em inglês), houve um aumento significativo de casos de deformidades, câncer e outros danos consequentes nas regiões onde munições de urânio foram utilizadas em grande escala.
No entanto, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), não existe nenhum risco radiológico específico para a população civil por causa das munições de urânio. Um parecer encomendado pela Comissão Europeia em 2010 também não vê "nenhuma evidência de riscos ambientais e para a saúde" decorrentes do urânio empobrecido.
Também não está claro até que ponto o solo e os lençóis freáticos podem ser contaminados por esses projéteis. O urânio é altamente suscetível à corrosão; já dentro de apenas cinco a dez anos, as bombas que não explodiram podem enferrujar no solo e libertar urânio nas águas subterrâneas. No entanto, até agora, vários estudos em áreas afetadas só conseguiram detectar um aumento mínimo da concentração de urânio nos lençóis freáticos.
Atualmente não existem estudos confiáveis de longo prazo. Mas eles seriam necessários – o isótopo urânio U-238, encontrado principalmente em munições, tem meia-vida de 4,5 bilhões de anos (tempo necessário para que metade dos átomos presentes em uma amostra radioativa desintegre-se).
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Munição que EUA prometeram à Ucrânia derrete inimigos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU