Quem dá golpe num domingo?

Bolsonaro na coletiva com jornalistas após depoimento na PF | Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

Mais Lidos

  • Cristo Rei ou Cristo servidor? Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Dois projetos de poder, dois destinos para a República: a urgência de uma escolha civilizatória. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • “Apenas uma fração da humanidade é responsável pelas mudanças climáticas”. Entrevista com Eliane Brum

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

21 Julho 2023

"Insurgentes? Que absurdo! Quem estava em Brasília no domingo, 8 de janeiro, foram pessoas com bíblia debaixo do braço que sequer tinham um canivete no bolso".

O artigo é de Edelberto Behs, jornalista. 

Eis o artigo. 

Depois de prestar depoimento à Polícia Federal, em Brasília, na quarta-feira, 12 de julho, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi entrevistado por repórteres, sem mandar calar a boca de ninguém. Agora inelegível e fora do poder, ficou mais civilizado no trato com a imprensa.

O depoimento versou sobre a reunião que Daniel Silveira agendou com o então presidente, levando o senador Marcos Do Val na garupa, pois ele teria uma bomba importante a apresentar.

“Do que tratou a reunião”, perguntaram repórteres a Bolsonaro? “Sobre nada”. Então, o presidente da República abre 20 minutos da sua agenda para tratar sobre “nada”!

Não foi sobre o golpe? Que golpe? Ninguém dá golpe em domingo, emitiu o inelegível. Ou seja, golpe em domingo não faz parte da liturgia de insurgentes brasileiros.

Insurgentes? Que absurdo! Quem estava em Brasília no domingo, 8 de janeiro, foram pessoas com bíblia debaixo do braço que sequer tinham um canivete no bolso.

Eram todos santos e santas, que vinham cantando aleluias, glória a Deus pelas avenidas de Brasília, quando resolveram dar uma passadinha pela Praça dos Três Poderes.

Daí veio o capeta soprar no ouvido daquele pessoal, tentando aquela gente santa: “Invade aí. É o Poder Judiciário que funciona nesse prédio, não sabiam? Peguem a cadeira do Xandão e a joguem no lixo”.

“Xô, Satanás!!! Não nos tentem!!!”

- Mas gente, vejam só, aqui é o Congresso Nacional. Entrem, quebrem as portas e janelas. Esses parlamentares merecem!

- Xô, Satanás! Não nos tentem!” – e continuaram caminhando e cantando...

- Bah, não percam agora. Esse é o Palácio do Planalto. Aí mora o meu companheiro, um vermelho, amigo de Cuba. Não me importo se arrebentarem esse lugar, porque esse cabra está fazendo concorrência comigo.

Alguns não se aguentaram e se deixaram tentar. Se é para derrubar esse demônio que está sentado na cadeira do presidente, “vamos lá, vamos salvar o Brasil do comunismo”.

Alguns fiéis se deixaram contaminar pelo capeta. Saltaram fora daquele grupo de santos e santas e quebraram vidros, cadeiras, mesas, relógio, destruíram obras de arte na casa dos três poderes da República.

Mas descobriu-se, depois, eram os infiltrados...

Lá do Norte, de onde a turminha do capitão copiou a ação golpista, o pastor James Cusick, da Global Outreach Ministries Church, seu filho Casey, e David John Lesperance foram considerados culpados por júri por participarem da invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, no dia 6 de janeiro de 2021. Os três foram presos e acusados em junho de 2021. Por enquanto, os três estão sob fiança e sua sentença está marcada para 12 de outubro, informou o Florida Today.

Pastores e crentes estão com algumas narrativas e rezas esquisitas, de quebrar e arrebentar quando os resultados de urnas e decisões judiciais não correspondem às suas expectativas. Servem a políticos que são camaleões religiosos, e esquecem do Jesus que pregou o mor e a paz. Lá como aqui!

Leia mais