25 Novembro 2022
- O Papa exortou a “aumentar o número de mulheres, não porque estão na moda”, mas porque “pensam diferente dos homens” e tornam a teologia “mais profunda e saborosa”.
- Alerta para o perigo do "indietrismo", porque "o tradicionalismo é a fé morta dos vivos".
- "A sinodalidade eclesial, portanto, compromete os teólogos a fazer teologia de modo sinodal, promovendo entre eles a capacidade de ouvir, dialogar, discernir e integrar a multiplicidade e variedade de pedidos e contribuições".
A reportagem é publicada por Religión Digital, 24-11-2022.
“Os teólogos devem ir mais longe, tentar ir mais longe: nisso eles devem se distinguir do catequista”, disse o Papa Francisco aos membros da Comissão Teológica Internacional (ITC) que recebeu na quinta-feira, 24 de novembro. “O catequista, explicou o Papa, deve dar uma doutrina correta e sólida, não algo novo. O teólogo corre o risco de ir mais longe: a vocação do teólogo corre o risco de ir mais longe, porque explica melhor a teologia. “Mas nunca doutrinem as pessoas com novas doutrinas ”, advertiu Francisco de improviso no texto.
Para os professores de teologia, acrescentou o pontífice, é um bom critério "perguntar se as aulas de teologia surpreendem quem as segue" e, dirigindo-se aos membros da Comissão Teológica Internacional, o Papa exortou "a aumentar o número de mulheres, não porque estão na moda", mas porque "pensam diferente dos homens" e tornam a teologia "mais profunda e saborosa".
Fidelidade criativa à Tradição
Fidelidade criativa à Tradição, oportunidade de abertura prudente ao contributo das várias disciplinas e colegialidade. Essas são as "três direções" apontadas por Francisco ao CTI, agora em seu décimo quinquênio.
A primeira diretriz que o Santo Padre propôs ao CTI é a da fidelidade criativa à Tradição. Esta diretriz procura "assumir e declinar com fidelidade e amor o compromisso de exercer o ministério da teologia - na escuta da Palavra de Deus, do sensus fidei do Povo de Deus, do Magistério e dos carismas, e na discernimento dos sinais dos tempos - para o progresso da Tradição Apostólica, sob a assistência do Espírito Santo, como ensina a Dei Verbum”.
E alertando para um perigo atual, o “indietrismo”, ou seja, o retrocesso, o Papa Francisco convidou os teólogos a refletir sobre este ponto e lembrou que “a tradição é a garantia do futuro e não uma peça de museu. E é o que faz a Igreja crescer de baixo para cima, como a árvore, as raízes. Enquanto outro dizia que o tradicionalismo é a fé morta dos vivos: quando você se fecha lá dentro. Essa dimensão horizontal, como vimos, fez com que alguns movimentos, os movimentos da Igreja, ficassem fixos em um momento, em sentido inverso”.
Abra-se prudentemente a outras disciplinas
A segunda orientação proposta pelo pontífice refere-se à conveniência, para realizar com "pertinência e incisividade o trabalho de aprofundamento e inculturação do Evangelho, de abrir-se com prudência à contribuição das diversas disciplinas mediante a consulta de especialistas, inclusive não católicos, conforme previsto nos Estatutos da Comissão”.
"Trata-se - pedi-o na Constituição Apostólica Veritatis gaudium - de valorizar o princípio da interdisciplinaridade: não tanto na sua forma 'fraca' de simples multidisciplinaridade, mas numa abordagem que favorece uma melhor compreensão de vários pontos de vista de uma objeto de estudo; mas sim na sua forma 'forte' de transdisciplinaridade, como colocação e fermentação de todo conhecimento no espaço de Luz e Vida oferecido pela Sabedoria que emana da Revelação de Deus”.
Colegialidade e Sínodo
Por fim, a terceira diretriz proposta pelo Santo Padre é a da colegialidade. Isso adquire especial relevância e pode oferecer uma contribuição específica no contexto do caminho sinodal, no qual é convocado todo o Povo de Deus: “Como toda vocação cristã, o ministério do teólogo, além de pessoal, é comunitário e colegial. A sinodalidade eclesial, portanto, compromete os teólogos a fazer teologia de modo sinodal, promovendo entre eles a capacidade de ouvir, dialogar, discernir e integrar a multiplicidade e variedade de pedidos e contribuições”.
Os membros da Comissão Teológica Internacional reuniram-se em sessão plenária para explorar três temas: a antropologia cristã diante dos desafios culturais contemporâneos, o Primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia e a relevância de seu dogma, a marca divina da criação e a administração humana. criação.
Ao apresentar a Comissão, o cardeal Luis Francisco Ladaria Ferrer destacou que “se mantém a presença qualificada das teólogas, fortalecida nos três quinquênios anteriores, sinal de um crescente empenho das mulheres no campo das ciências teológicas”. Entre os membros deste corpo, acrescentou o cardeal, há também um teólogo leigo.
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