A batalha da comunicação no governo Lula. Artigo de Ivânia Vieira

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14 Novembro 2022

"Tradicionalmente, o tema comunicação tem sido tratado em terceiro plano nos espaços mais à esquerda em nível nacional, regional e local. Raramente teve recepção pela porta principal e participou de fato desde o início", escreve Ivânia Vieira, jornalista, professora da Faculdade de Informação e Comunicação da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), doutora em Doutora em Processos Socioculturais da Amazônia, articulista no jornal A Crítica, de Manaus, cofundadora do Fórum de Mulheres Afro-ameríndias e Caribenhas e do Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas (Musas).

Eis o artigo.

O tempo é veloz. Embora tenha sido quase ontem o dia 30 de outubro, a agenda a ser confeccionada para o Brasil reagir noutra direção é agora. A comunicação desafia os costumes e exige atenção atenciosa. Os modelos comunicacionais utilizados até agora por parcela expressiva dos partidos e coletivos de esquerda e, no conjunto, pelas organizações com posturas mais progressistas, enfrentam problemas internos enraizados no não reconhecimento da importância fundamental dos atos comunicacionais e da conduta antes do anúncio do acontecimento.

Tradicionalmente, o tema comunicação tem sido tratado em terceiro plano nos espaços mais à esquerda em nível nacional, regional e local. Raramente teve recepção pela porta principal e participou de fato desde o início. A turma da comunicação, como gente a parte, é convocada no pós-decisão, em repetição de clivagens de motivação diversa e revela a percepção atrasada no trato desse item mesmo que em alguns casos o organograma remeta à falsa ideia de importância. Líderes de partidos políticos e de outras instâncias situadas no campo progressista têm por hábito acionar a comunicação para fazer a versão da notícia circular e “apagar incêndios” embora não seja a função dessa área de atuação profissional e de estudos.

No Brasil, o resultado das eleições deste ano assegurou, no dizer do teólogo Leonardo Boff, a reabertura para realizar a experiência de libertação. “Trata-se de uma vitória não do povo brasileiro e sim da humanidade” diante do projeto mundial de estabelecer governos de direita radical, de ampliar os territórios fascistas. Depois do laboratório Trump nos EUA, o Brasil entrou no roteiro dos regimes antidemocráticos com o atual governo e, hoje, interrompido com a vitória da ampla frente popular de apoio a Lula.

Construir o governo nesse cenário exige cuidados, inteligência, criatividade, perspicácia, monitoramento de qualidade dos dados, agilidade articulados a um programa de comunicação que envolva os suportes públicos, a rede comunitária-popular e não exclua o setor privado. O aprendizado no âmbito dos partidos políticos, das centrais sindicais, das associações, núcleos, frentes progressistas e movimentos comprometidos com um governo de avanço na justiça socioeconômica e ambiental será feito na prática diante da ameaça de retrocesso. Faz-se necessário respeito, conhecimento e determinação de outro lugar à esfera comunicacional.

Mantida a postura viciada e prejudicial, muitos dos suportes vivos (muitos deles distribuídos em comunidades, aldeias, cidades, vilarejos, metrópoles, favelas, vielas e becos) ao governo de Lula poderão ser ignorados, outros irão funcionar mais como problemas e até facilitadores do jogo que a extrema-direita está disposta a continuar a jogar. Dispõe, para esse jogo, de muito recurso financeiro, da forte aparelhagem de setores, estabelece disciplina e usa de forma eficiente as redes de comunicação no contínuo programa de disseminar mentiras a milhares de pessoas e promover a instabilidade nacional. No enfrentamento, constata-se o esforço sobre-humano para informar, com maior alcance, o que é falso, restabelecer a verdade das coisas. O outro tempo de criar e aprimorar meios de punir mentirosos e os que atuam à margem da Constituição Federal é mais lento e complexo.

Nos planos de tornar o Brasil um governo fascista ou de aprimorar a democracia nacional, a batalha da comunicação está posta e como dizia Chacrinha, o velho guerreiro, no final dos anos de 1970: “quem não se comunica, se trumbica”. Em disputa está o futuro de hoje do Brasil.

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