09 Novembro 2022
"Um mundo onde são tomadas medidas urgentes que não prejudicam os direitos humanos dos povos da Amazônia e deixam milhares de pessoas sem meios de subsistência e sem futuro", escreve Luis Miguel Modino, padre espanhol e missionário Fidei Donum.
Eis o artigo.
Um grito pela Amazônia à COP27, um grito lançado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica através do Núcleo de Direitos Humanos, com base no território e nos povos que habitam este território amazônico. Ele o faz desde Manaus, a maior cidade do território amazônico, onde está sendo realizado o Comitê Ampliado.

Núcleo de Direitos Humanos da REPAM. (Foto: Enviada por Luis Miguel Modino)
Algo que é visto como um momento para “seguir gritando junto com o Papa Francisco, por seu sonho de uma Amazônia que luta por seus direitos, os direitos dos mais esquecidos (mulheres, homens e crianças, camponeses, indígenas, ribeirinhos e quilombolas) para que sua voz seja ouvida e sua dignidade respeitada".
Um grito que denuncia que "se encontram numa corrida desenfreada rumo à morte”. Uma situação que "exige mudanças radicais e urgentes, caso contrário terá consequências catastróficas para todo o planeta", denunciando abertamente que "sem a Amazônia, não há vida nem humanidade possível".
Por esta razão, as palavras do Papa Francisco em Querida Amazônia são lembradas, onde ele afirma que a humanidade sempre tem a possibilidade de superar "as diferentes mentalidades de colonização para construir redes de solidariedade e desenvolvimento; o desafio é assegurar uma globalização na solidariedade, uma globalização sem marginalização". E junto com isto, também no número 17 deste documento pontifício, ele afirma que caminhos como a COP, tratados como Escazú, não serão "para devolver aos mortos a vida que lhes foi negada, nem para compensar os sobreviventes daqueles massacres, mas ao menos para hoje sermos todos realmente humanos".

Núcleo de Direitos Humanos da REPAM. (Foto: Enviada por Luis Miguel Modino)
Diante desta realidade, eles lançam um Grito pela Amazônia, denunciando que "os consensos políticos de nossos países e governos não podem mais permanecer como letra morta com total indolência e sem qualquer garantia ou justiça". Um grito que diz basta e que um mundo que promove os direitos humanos de forma eficaz, que inclua culturas, espiritualidades, justiça ancestral e que não desenraize pessoas e povos, especialmente os jovens, se torna uma realidade.
Um mundo onde são tomadas medidas urgentes que não prejudicam os direitos humanos dos povos da Amazônia e deixam milhares de pessoas sem meios de subsistência e sem futuro. Um mundo que tem como protagonistas os verdadeiros sábios e sábias sobre a água, a terra, as árvores e as plantas; homens e mulheres aos quais temos uma dívida. É por isso que a situação atual é definida como uma injustiça e um crime, diante do qual gritamos aos governos reunidos na COP27 que o futuro de centenas de milhares de meninas e meninos está em jogo, o futuro não só da Amazônia, mas de toda a humanidade.
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A REPAM grita pela Amazônia à COP27: “Sem a Amazônia, não há vida nem humanidade possível” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU