Nicarágua. Missionárias da Caridade são expulsas pelo regime de Ortega

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09 Julho 2022

 

Cerca de quinze irmãs da organização fundada pela Madre Teresa de Calcutá foram escoltadas até um posto de fronteira por patrulhas da Polícia sandinista e agentes da Migração e Imigração.

 

A reportagem é publicada por Infobae, 06-07-2022. A tradução é do Cepat.

 

As missionárias Irmãs Missionárias da Caridade da ordem de Madre Teresa de Calcutá que serviram na Nicarágua atravessaram na quarta-feira o posto fronteiriço de Peñas Blancas e já estão na Costa Rica, depois que o regime de Daniel Ortega as expulsou do país e fechou os centros onde serviam a população carente.

 

“Bem-vindas, Irmãs da Caridade de Madre Teresa de Calcutá. É uma honra para nossa Diocese de Tilarán-Libéria que seus pés pisem nestas terras”, disse dom Manuel Eugenio Salazar Mora, bispo da Diocese de Tilarán-Libéria, Costa Rica, em sua página no Facebook.

 

As missionárias, em um grupo estimado em 15 pessoas, viajaram para Peñas Blancas em um microônibus escoltado por patrulhas policiais e agentes da Migração e Imigração, segundo o jornal nicaraguense La Prensa, que acompanhou as irmãs durante um trecho, antes de seu avanço ser bloqueado pela polícia.

 

A Associação Missionárias da Caridade foi fundada na Nicarágua em 16 de agosto de 1988, dois anos após a visita de Madre Teresa de Calcutá ao país, paradoxalmente, durante o primeiro mandato presidencial de Daniel Ortega (1985-1990). Ortega, naquele momento, ofereceu seu apoio para que a ordem se estabelecesse no país e encontrou-se com Madre Teresa de Calcutá, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz e Santa da Igreja Católica.

 

A Assembleia Nacional da Nicarágua, controlada por Ortega, cancelou no final de junho a pessoa jurídica da Associação Missionárias da Caridade, por considerar que teriam descumprido certas obrigações legais, violando as normas contra a lavagem de dinheiro, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição em massa.

 

As missionárias administravam o Lar Imaculado Coração de Maria na cidade de Granada, onde acolhiam adolescentes abandonados ou vítimas de abusos, aos quais prestavam apoio psicológico e educação integral. Junto com as aulas regulares, ensinavam música, teatro, costura e outros ofícios para que pudessem se reintegrar na vida.

 

Elas também tinham uma casa de idosos em Manágua, a quem forneciam comida, roupas e outros cuidados. Também desenvolveram um projeto em que davam reforço escolar a alunos em situação de risco, em sua maioria filhos de mulheres trabalhadoras de mercados populares.

 

Elas também tinham uma creche na qual cuidavam de dezenas de crianças de famílias de baixa renda, cujos pais – principalmente mães solteiras e vendedoras nos mercados, vendedores ambulantes ou por conta própria – não têm como pagar pelo cuidado de seus filhos.

 

“Diante da decisão da Assembleia Nacional de anular o estatuto jurídico da fundação das Irmãs Missionárias da Caridade de Santa Teresa de Calcutá, que prestavam assistência aos mais pobres da nossa sociedade nicaraguense, lamentamos profundamente a dor de tantos dos nossos irmãos que já não terão o cuidado que recebiam das irmãs e também expressamos nossa gratidão por seu inestimável serviço às nossas igrejas locais. Queridas irmãs, contem com nossa proximidade, solidariedade e nossas humildes orações”, escreveu o arcebispo de Manágua, Leopoldo Brenes, em nota.

 

A Nicarágua fechou 758 ONGs

 

Além das Missionárias da Caridade, foram dissolvidas a Associação de Repórteres Gráficos da Nicarágua, a Associação de Trabalhadores da Banana do Ocidente Afetados do Nemagon, a Fundação MaternalMinha Infância”, a Associação para o Desenvolvimento de Meninos e Meninas da Nicarágua, a Associação para a Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Associação de Crianças e Mulheres Abandonadas, entre outras.

 

Com esses novos fechamentos de associações sem fins lucrativos, o número de Organizações Não Governamentais (ONGs) – de mais de 6.000 – cuja proibição foi solicitada pelo regime nicaraguense sobe para 758.

 

Essas medidas vêm sendo promovidas pela ditadura desde dezembro de 2018, oito meses após a eclosão de uma revolta popular – provocada por polêmicas reformas previdenciárias – qualificada como tentativa de golpe de Estado por parte de Ortega.

 

A Nicarágua atravessa uma crise política e social desde abril de 2018, que deixou centenas de mortos em protestos populares marcados como tentativa de golpe de Estado por parte de Ortega, que está no poder há 15 anos e 5 meses consecutivos, em meio a denúncias de autoritarismo e fraude eleitoral.

 

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