A guerra “fóssil” entre a Rússia e a Ucrânia ameaça os objetivos climáticos

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23 Março 2022

 

A corrida ao uso de combustíveis fósseis determinada pela agressão russa contra a Ucrânia é uma loucura. É o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, quem chama a atenção sobre os danos que a guerra pode causar ao meio ambiente e sobre a ameaça que o conflito representa para os objetivos climáticos globais. Em seu primeiro grande discurso sobre clima e energia após a COP26, Guterres não esconde o fato de que os progressos limitados alcançados em Glasgow são insuficientes para evitar uma perigosa mudança climática.

 

A reportagem é publicada por La Repubblica, 22-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

 

O secretário-geral da ONU observou na segunda-feira que a invasão da Ucrânia viu um rápido aumento nos preços do carvão, petróleo e gás, à medida que os países se apressam a substituir as fontes russas e alerta que essas medidas de curto prazo poderiam "fechar a janela" sobre as metas climáticas de Paris. Os países que se apressam a substituir os suprimentos de energia russos por quaisquer alternativas disponíveis estão levando à autodestruição através das mudanças climáticas e matam as esperanças de manter o aquecimento global abaixo de níveis perigosos. Guterres também pediu aos países, incluindo a China, que eliminem completamente o carvão até 2040.

 

''A emergência pela imediata falta de suprimento de combustíveis fósseis poderia pressionar tanto os países a ponto de eles negligenciarem ou eliminarem as políticas para reduzir o uso de combustíveis fósseis'', Guterres disse em um evento organizado pelo semanário Economist. Preocupam políticas como as da Alemanha, um dos maiores clientes de energia da Rússia, que quer aumentar seu suprimento de petróleo do Golfo e acelerar a construção de terminais para receber gás natural liquefeito. Nos Estados Unidos, a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki no início deste mês disse que a guerra na Ucrânia autoriza os produtores estadunidenses de petróleo e gás a aumentar a extração em seu país. Guterres, ao contrário, sublinhou que ''em vez de frear a descarbonização da economia global, é o momento de acelerar em direção a um futuro de energias renováveis''.

 

Seus comentários vieram quando cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU iniciaram uma reunião de duas semanas para finalizar seu último relatório sobre os esforços mundiais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa que aquecem o planeta. Guterres disse que o objetivo do acordo climático de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C (2,7 Fahrenheit) é “suporte vital”, já que os países não estão fazendo o suficiente para reduzir as emissões, e lembrou que com as temperaturas já cerca de 1,2ºC mais altas em relação ao período anterior à industrialização, manter a meta de Paris exige um corte de 45% nas emissões globais até 2030.

 

Mas após uma redução ligada à pandemia em 2020, as emissões voltaram a aumentar bruscamente no ano passado: “Se continuarmos assim, podemos dizer adeus à meta de 1,5°C - disse o secretário da ONU - Também 2ºC poderiam estar fora de alcance. E seria uma catástrofe”. Por fim, Guterres exortou as economias mais desenvolvidas do mundo a fazerem cortes significativos nas emissões, inclusive colocando rapidamente um fim à sua dependência do carvão - o combustível fóssil mais poluente - e a se oporem às empresas privadas que continuam apoiando seu uso".

 

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