22 Outubro 2021
Tudo o que o homem busca nesta terra é diante de quem se ajoelhar, a quem confiar sua consciência e como, enfim, reunir-se todos em um inquestionado, comum e concordante formigueiro.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 17-10-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Severa, como costuma ser, mas sempre incisiva é a voz de um dos maiores romancistas de todos os tempos, Fiodor M. Dostoiévski. São palavras cortantes, destinadas a ilustrar uma realidade constante na história. O nosso tempo é ainda mais explícito e impudico em mostrar a verdade desta afirmação: a moda reina e cria seguidores cegos, o lugar-comum impera, zombando de quem luta para pensar, a televisão acolhe multidões de voyeurs embasbacados por programas muitas vezes vulgares e "fingidos". A imagem do formigueiro é iluminadora, mas sobretudo uma frase amarga: a ânsia por "confiar a própria consciência" a outrem. Esta é a verdadeira perda da alma, é o esgotamento da moralidade, substituída por "todos fazem assim".
E se não formos mais que cuidadosos, essa deriva atinge a cada um de nós, pois o conformismo é um inimigo invisível que se insinua em todos os ambientes, mesmo nos mais irrepreensíveis, deixando ali seus esporos. Falando à Assembleia Geral da ONU em 1961, o presidente John F. Kennedy declarou: "O conformismo é o carcereiro da liberdade e o inimigo do desenvolvimento." Suas correntes são, no entanto, douradas e sua violência é doce e oculta. Para isso é preciso estar atentos e nunca entregar a própria consciência a ninguém, mas nem mesmo cloroformizá-la na superficialidade.
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#O formigueiro. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU