10 Junho 2021
Sem agenda e crise desnecessária
“Com suas crises e sem agenda, Bolsonaro colocou o Brasil numa crise desnecessária. Afinal, nem todo mundo pode seguir o caminho do virologista Paolo Zanotto. Em abril do ano passado ele defendia a cloroquina e a formação de um gabinete paralelo para orientar o governo durante a pandemia. O doutor acaba de pedir uma licença de dois anos para pesquisar no Canadá, “sem prejuízo de vencimento” – Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 09-06-2021.
Ciranda de mentiras
“Jair Bolsonaro bateu mais um recorde pessoal. Em 19 minutos de pregação num culto religioso, ele despejou informações falsas sobre a segurança das eleições, os efeitos da cloroquina, a eficácia de vacinas e o número de vítimas da Covid-19. O presidente armou uma ciranda de mentiras para limpar a própria barra, escapar de punições e se reeleger” – Bruno Boghossian, jornalista – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Peso da consciência
“Chamar favela de comunidade nos tira o peso da consciência em relação ao abismo de desigualdade em que vivemos, mas não muda o fato de que centenas de milhares continuam sem saneamento, sem saúde, sem educação, reféns ora do tráfico, ora da milícia e, como sabemos, vítimas da polícia” - Mariliz Pereira Jorge, jornalista e roteirista de TV – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Túnel Rebouças
“Somos cúmplices da tragédia que quase nunca atravessa o túnel Rebouças e assombra quem mora nos cartões postais. Nossa indignação tem prazo de validade, porque quem morre é sempre gente esquecida pela sociedade” - Mariliz Pereira Jorge, jornalista e roteirista de TV – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Passividade
“Não é a Covid que nos impede de ir à rua nos manifestar por Kathlen ou João, é a passividade diante da morte de gente pobre” - Mariliz Pereira Jorge, jornalista e roteirista de TV – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Demarcação das terras indígenas
“É urgente a retomada da demarcação das terras indígenas no Brasil, de acordo com a literalidade e o espírito do texto constitucional” - Deborah Duprat, Manuela Carneiro da Cunha e Oscar Vilhena Vieira, respectivamente, advogada e subprocuradora-geral da República aposentada e membros da Comissão Arns de Direitos Humanos – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Massacre de populações indígenas
“Luís Roberto Barroso constatou, semana passada, que o governo federal não o respeita. Nem militares, a quem sempre teve em (muito) alta conta, parecem obedecê-lo. Mas preferiu contemporizar: “Registro com desalento o fato de que as Forças Armadas brasileiras não tenham recursos para apoiar uma operação determinada pelo Poder Judiciário para impedir o massacre de populações indígenas” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, é doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Não é uma saída redentora
“A frase choca pela resignação diante de mais uma desobediência militar a ordem sua. Em face do risco de “massacre de populações”, só fez registrar seu desalento. Não é uma saída redentora. Há de se reconhecer que esse é um dos casos mais complexos da história do STF (ADPF 709). Terras indígenas foram invadidas por milhares de garimpeiros que praticam crimes ambientais e contra a vida desses povos. Na pandemia, são vetores de disseminação do vírus. O STF está há um ano expedindo ordens para que o governo ofereça um plano de proteção sanitária das terras indígenas. Há um ano tenta envolver o governo num “diálogo institucional” com o STF e num “diálogo intercultural” com os povos indígenas. Há um ano recebe do governo planos precários até que o quarto plano foi aprovado, em parte” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, é doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Um finge que manda, o outro finge que obedece
“Um tribunal enfraquecido pode ser desobedecido sem custos, exceto para a democracia. “Diálogo institucional” pode significar exatamente isso. Um finge que manda, o outro finge que obedece” - Conrado Hübner Mendes, professor de direito constitucional da USP, é doutor em direito e ciência política – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
Choques negativos da pandemia
“O secretário de política econômica do ministério da Economia, Adolfo Sachsida, alertou os deputados durante uma audiência nesta quarta-feira (9) sobre os possíveis 'hoques negativos' causados pela pandemia no longo prazo. Segundo ele, há risco de problemas na saúde pública e com 'capital humano', este último pelo atraso na formação de jovens. Na saúde, afirma ele, os riscos não são somente os decorrentes da Covid-19, mas também os relacionados ao represamento de outros procedimentos. Sachsida citou como exemplo os exames de câncer de mama, cuja quantidade, diz, caiu 50%. Segundo ele, isso deve impactar no sistema após o fim da pandemia” – Folha de S. Paulo, 10-06-2021.
2022. Tríade econômica de peso
“A prorrogação do auxílio emergencial combinada com o reforço do programa Bolsa Família, o Refis para as empresas e o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda das pessoas físicas formam uma tríade de peso que o governo Jair Bolsonaro está pavimentando para aumentar o apoio político nas eleições presidenciais do ano que vem. É na economia que o governo conta para fazer frente à crise na saúde, que o atraso da vacina e as mortes de quase 500 mil brasileiros tiram da popularidade do presidente” – Adriana Fernandes, jornalista – O Estado de S. Paulo, 10-06-2021.