Teresa, doutora da Igreja

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01 Mai 2021

 

“A carmelita Waltraud Herbstrith afirmou com razão que Paulo VI, quando nomeou Teresa como nova doutora da Igreja, provavelmente pensou menos na 'igualdade de gênero' que em recomendar a mensagem de Teresa como resposta à 'extensa incapacidade do homem moderno para falar com Deus'”, escreve Marianne Schlosser, membro da Comissão Teológica Internacional, em artigo publicado por Alfa & Omega, 24-04-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

Eis o artigo.

 

O carisma dos doutores da Igreja se trata de um carisma pedagógico, baseado em um conhecimento das coisas divinas, e se aproxima do conhecimento profético que se pode outorgar a homens e mulheres, idosos e jovens, educados nas ciências seculares ou simples crentes. A Igreja estava convencida disto desde o princípio, porque, já relata a profecia de Joel: “Teus filhos e filhas serão profetas”. Hildegard von Bingen era conhecida como “profetiza teutônica” durante sua vida; Pio II, que canonizou Catarina de Sena, confirmou seu “espírito profético”; Gregório XV comparou Teresa de Ávila com a profetisa Débora, e João Paulo II deu a Teresa de Lisieux o carisma da sabedoria, na qual o Espírito Santo produz uma compreensão mais profunda das Sagradas Escrituras e do mistério do amor de Deus. Estas quatro mulheres cumprem com o critério de dizer algo que tinha que ser dito, e não apenas para o seu próprio tempo, como também para agora. E como a maioria dos profetas (reais), seus ensinamentos são transversais. As quatro mulheres – mas não somente estas, como também algumas outras místicas –, mostram uma compreensão extraordinariamente profunda e viva da Igreja: não uma compreensão teórica da missão e a origem da Igreja, de seus ofícios e sacramentos, mas uma compreensão desde a experiência. Não aprenderam eclesiologia, mas captaram o mistério desta realidade desde seu pertencimento à Igreja.

"Detalhe de Santa Teresa", de François Gérard, 1827.

“Quais de nossos problemas se resolve com a declaração de Santa Teresa de Jesus como doutora da Igreja?”, disse Paulo VI quando lhe foi pedido que a nomeasse. Ou dito de outra maneira, o que tem de profético o ensinamento de Teresa? Que luz o seu ensinamento lança sobre a penumbra de nossas perguntas? Teresa é louvada de forma unânime como magistral orationis (assim a definiram João XXIII, Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI), porque os segredos de que fala o ensinamento de Teresa são os segredos da oração. Teresa teve a capacidade de falar disto desde sua própria experiência, e foi a responsável de ensinar a suas irmãs. Por isso foi e é “mãe e mestra”.

A mensagem de Teresa chega a nós, os membros da Igreja, enquanto lutamos pela renovação da oração litúrgica; chega a nós, que somos tentados pelos ruídos e as grandes impressões do mundo exterior, que querem nos distanciar dos tesouros da vida interior. Nós, que somos filhos de nosso tempo, não apenas abandonamos a conversa regular com Deus, mas também perdemos o sentido da necessidade de adorá-lo e invocá-lo. A nós foi mostrado, através de métodos psicanalíticos, quão frágeis e complicados somos; por isso o foco agora não está no sofrimento das pessoas e sua salvação, mas no subconsciente animal e no grito de paixões não integradas e medos desesperados.

Nesta situação ressurge a mensagem de Teresa, sublime e simples ao mesmo tempo: pede-nos que prestemos atenção a “que Deus faz grandes façanhas na alma quando prepara as pessoas para que guardem voluntariamente a oração interior [...]; porque a meus olhos a oração interior não é mais que ficar com um amigo com que muitas vezes nos encontramos a sós, simplesmente para estar com Ele, porque sabemos com certeza que nos ama”.


O rosto de Teresa de Ávila na escultura de Lorenzo Bernini

A carmelita Waltraud Herbstrith afirmou com razão que Paulo VI, quando nomeou Teresa como nova doutora da Igreja, provavelmente pensou menos na “igualdade de gênero” que em recomendar a mensagem de Teresa como resposta à “extensa incapacidade do homem moderno para falar com Deus”.

 

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