03 Junho 2020
Conselho do Estado belga rejeita pedido de reabertura das igrejas, enquanto os bispos pedem prudência e criatividade.
A reportagem é de Christophe Henning, publicada por La Croix International, 02-06-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
Embora a Festa de Pentecostes tenha sido celebrada sem os encontros massivos dos fiéis, a realização das missas poderá ser reestabelecida muito em breve. (Foto: Jean-Luc Flémal | BelPress | MAXPPP)
O Conselho de Estado belga recusou a petição apresentada por uma delegação de católicos para que fosse permitida a retomada das missas. A decisão foi tomada depois que um órgão jurídico francês semelhante chegou recentemente à decisão oposta, permitindo que os cultos públicos fossem retomados.
Os dois os países proibiram, em 14 de março, os encontros em igrejas e outros locais de culto. Os bispos da Bélgica já haviam se decidido pelo confinamento litúrgico antes mesmo da emissão do decreto ministerial.
Depois que a França reabriu os templos religiosos para as celebrações coletivas, várias lideranças católicas belgas pediram que os tribunais locais fizessem o mesmo.
Porém, os juízes em Bruxelas decidiram manter a ordem de proibição, dizendo que não havia “extrema urgência” para a retomada das cerimônias religiosas.
“Não teremos condições, já neste fim de semana, de celebrar juntos em nossas igrejas”, lê-se em uma nota publicada pela Conferência Episcopal Belga após a decisão da corte. A nota não fez referência à decisão dos magistrados.
“Entretanto, não estaremos impedidos de orar a Deus para que envie o Espírito sobre a Igreja e em todo o mundo. Eis aqui o fruto do Espírito: amor, alegria, paz, paciência, bondade, fé, gentileza, autocontrole – dons que nos fazem crescer no serviço aos outros”, afirmaram os bispos.
Mesmo que os fiéis não tenham podido se reunir nas igrejas para a Festa de Pentecostes, o fim do confinamento litúrgico poderá chegar muito em breve.
O Conselho de Segurança Nacional da Bélgica deve se reunir em 3 de junho e “a retomada futura das cerimônias religiosas será analisada e considerada”, lê-se na decisão publicada pelo Conselho de Estado.
Ninguém sabe ainda quando os encontros poderão ser retomados, mas a suspensão da proibição não deve demorar, já que a Bélgica entra na Fase 3 de reabertura em 8 de junho.
Os bispos destacam que se sentem prontos para a reabertura. Os prelados receberam as instruções nacionais de saúde e repassaram os protocolos de conformidade a todos os clérigos.
“O governo estabeleceu um número máximo de 100 fiéis por celebração. Também deve ser respeitada uma distância de 1,5 metro entre os fiéis, em todas as direções, o que pode reduzir o número deles nas igrejas menores”, disse o comunicado da Igreja Católica na Bélgica.
As comunidades cristãs estão oscilando entre a impaciência de se reunir e a preocupação com a epidemia, que tem sido particularmente violenta na Bélgica.
Até o dia 2 de junho, o país havia registrado mais de 9.500 mortes devido à covid-19. Atualmente, contabilizam-se mais de 58.600 pessoas infectadas no país de 11,46 milhões de habitantes.
“Não vai ser fácil, mas a segurança e a saúde de todos é que está em jogo”, disseram os bispos.
“Sem dúvida, estas medidas irão tornar as nossas celebrações um pouco menos calorosas, mas não estaremos nenhum pouco menos nutridos pela Palavra de Deus e pelo Pão da Vida, no sopro do Espírito”, completa a nota divulgada.
Independentemente de quando o Conselho de Segurança Nacional decidir autorizar a retomada dos encontros religiosos, os bispos enfatizam os desafios pastorais deste confinamento.
“Este novo ‘viver juntos’, que marca o fim gradual da crise do coronavírus, requer criatividade e compromisso”, disseram. “É preciso uma atenção redobrada aos que sofrem o impacto da crise nas dimensões econômica, social e da saúde”.