O teólogo que traduz a Bíblia: “Ainda faltam 3.700 línguas”

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15 Outubro 2019

"Veja bem, creio que seja principalmente uma questão de justiça. É justo que cada pessoa que o deseje possa ler a Palavra de Deus em sua própria língua, sua língua materna, e não em uma linguagem estrangeira ou talvez colonial”. Alexander Markus Schweitzer, 55 anos, músico e estudioso de canto gregoriano - Bento XVI o chamou em 2008 como especialista no Sínodo sobre a Palavra de Deus - é diretor executivo do Bible Ministry e diretor da Global Bible Transalation.

A reportagem é de Gian Guido Vecchi, publicada por Corriere della Sera, 11-10-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.

Simplificando, é o homem que se preocupa em resolver um problema: das 7.100 línguas faladas sobre a Terra, mais de 3.700 não têm nenhuma tradução das Escrituras. Para ser preciso "a Bíblia inteira foi traduzida para 700 línguas, pouco mais de 1.500 possuem o Novo Testamento e outras 1.100 apenas algumas partes, dos Salmos aos Evangelhos". Trabalho não falta, considerando que "para uma tradução é preciso muito tempo", explica o professor Schweitzer ao Corriere: "Se tudo correr bem, para o Novo Testamento são necessários entre três e quatro anos e para toda a Bíblia sete e oito".

Não importa por quantas pessoas um idioma seja falado. No ano passado, as Sociedades Bíblicas ("trabalhamos com todas as denominações cristãs") contribuíram para traduzir os textos sagrados em 66 línguas faladas por 440 milhões de pessoas. Entre as traduções da Bíblia, havia línguas como Rote (falada na Indonésia por 30 mil pessoas), Malto (Índia, 51 mil), Kalanga (Botsuana, 142 mil) ou Lusamia-Lugwe (650 mil em Uganda e Quênia).

Entre as versões do Novo Testamento aquelas em língua Lemi (Mianmar, 12.000 falantes) e Blin (Eritreia, 112.000). A questão das línguas indígenas também está sendo abordada no Sínodo da Amazônia. A tradução da Bíblia pode proteger idiomas em extinção? "Pode ser um efeito, mas esse não é o objetivo principal", explica o teólogo. "Para nós, o essencial é que seja a comunidade cristã local a querer uma tradução e esteja envolvida no trabalho. Não aprovamos uma atitude colonial, de "primeiro mundo" que decide pelos outros, o objetivo não é completar por obrigação todas as línguas do mundo. Nosso trabalho é realizado com igrejas locais, são formados tradutores na língua materna ". Além disso, "a tarefa de construir uma ponte entre o hebraico ou o grego antigos e as línguas mais remotas do presente - eventualmente não há equivalentes para ‘redenção’ ou ‘perdão’- é um trabalho imenso, com grupos de tradutores, e nunca termina", considera Schweitzer: "Línguas e culturas evoluem. Trata-se também de retraduzir: uma versão litúrgica antiga não pode ser proposta para os jovens de hoje”.

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