06 Junho 2019
O encontro marca o retorno dos encontros da bacia realizados pela Articulação Popular São Francisco Vivo e objetiva discutir o impacto do rompimento da barragem de Brumadinho na vida do rio e dos povos e comunidades da bacia do São Francisco.
A reportagem é publicada por Conselho Pastoral dos Pescadores - CPP, 05-06-2019.
Organizações da sociedade civil e Pastorais sociais da bacia do rio São Francisco estarão reunidas entre os dias 7 a 9 de junho de 2019, quando será realizado o V Encontro Popular da Bacia da Articulação Popular São Francisco Vivo (APSFV). O encontro será realizado no salão da Mitra Diocesana da cidade de Januária, localizada no norte mineiro e deve reunir cerca de 80 representações de povos e comunidades tradicionais de toda a Bacia do Velho Chico. O objetivo do encontro é promover uma troca de experiências sobre os problemas que colocam em risco a vida do Velho Chico, além de pensar possíveis soluções para a manutenção do rio e dos povos da bacia.
“O encontro quer ajudar a refletir sobre possíveis estratégias, possíveis ações e a unidade das lutas do povo que está diretamente vinculado à existência do rio”, explica uma das organizadoras do evento, a secretária-executiva do Conselho Pastoral dos Pescadores em Minas Gerais, Neusa Francisco.
O recente rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), que atingiu o rio Paraopeba, afluente do rio São Francisco, coloca em risco toda a Bacia e é uma das principais preocupações dos participantes do encontro. Cerca de 507 municípios com uma população de mais de 16 milhões de habitantes, correm o risco de serem diretamente atingidos pela água contaminada. “O encontro tem a intenção de fazer uma boa análise sobre os problemas do rio, a conjuntura do país que repercute sobre essa situação e também ouvir os atingidos e atingidas, desde Brumadinho até aqui na região. Estaremos em conversa com os pescadores e instituições parceiras para a gente pensar junto como nos fortalecer em defesa do rio São Francisco, tendo o povo do rio como protagonista”, defende Neusa.
O encontro marca a volta dos encontros nacionais realizados pela Articulação Popular São Francisco Vivo. Surgida no ano de 2005, a Articulação Popular São Francisco Vivo chegou a reunir mais de 300 organizações da sociedade civil, como pastorais, movimentos sociais, povos e comunidades tradicionais dos cinco estados banhados pelo rio São Francisco (Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas), nas quatro regiões da bacia (Alto, médio, submédio e baixo). A APSFV foi também um dos principais fóruns para pautar a revitalização do rio São Francisco e para se posicionar contra a transposição do mesmo. Atualmente, a falta de financiamento limitou a atuação da APSFV, que ficou restrita a encontros regionais em apenas alguns locais da bacia.
Para o pescador e liderança do Movimento dos Pescadores e Pescadoras artesanais, Josemar Durães, a volta da APSFV pode fortalecer as lutas na bacia. “A experiência anterior foi muito boa, então a minha expectativa é que a Articulação possa retomar e abraçar as lutas. A gente fez coisas importantíssimas! Agora esperamos potencializar a nossa luta aqui!”, comemora Durães. Ele também espera que o encontro possa fortalecer a luta pela revitalização do rio, através das lutas por territórios. “A questão dos territórios tradicionais é importante, porque o modo de viver e de fazer dessas comunidades ajuda a preservar o rio”, defende.
Sobre a Articulação São Francisco Vivo
A Articulação São Francisco Vivo (SFVivo) foi criada por grupos de pastorais, comunidades, movimentos e organizações populares para articular iniciativas de revitalização da Bacia Hidrográfica e fortalecer lutas comuns em defesa do Rio e do Povo do Rio. Desde 2005 a SFVivo cria e fortalece processos de articulação na bacia e nas quatro regiões que a compõem: Alto, Médio, Submédio e Baixo, reconhecendo as diferenças regionais e potencializando uma visão conjunta de todos os ecossistemas que envolvem o Rio, suas nascentes e afluentes.
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