Coextinção – Aquecimento global aumenta o risco de extinção com ‘efeito dominó’

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11 Dezembro 2018

Coextinção – A complexa rede de interdependências entre plantas e animais multiplica as espécies em risco de extinção devido às mudanças ambientais, de acordo com um estudo do CCI.

A reportagem foi publicada por Centro Comum de Investigação (CCI) e reproduzida por EcoDebate, 10-12-2018. A tradução é de Ivy do Carmo

No caso do aquecimento global, predições que não levam em conta esse efeito cascata podem subestimar o número de extinções em até 10 vezes.

Como consequência direta e óbvia da mudança climática, plantas e animais de um determinado local tornam-se extintos quando as condições ambientais locais tornam-se incompatíveis com seus limites de tolerância, tais como peixes em um aquário com o termostato quebrado.

No entanto, existem muitas razões elusivas para a perda de espécies que vão além dos efeitos diretos das mudanças ambientais (e da atividade humana), as quais ainda lutamos para entender.

Em especial, está se tornando mais evidente que as coextinções (o desaparecimento dos consumidores após o esgotamento de seus recursos) podem constituir um grande responsável pela crise de biodiversidade em curso.

Enquanto o conceito de coextinção é apoiado por um antecedente teórico sólido, ele é comumente desconsiderado nas pesquisas empíricas por ser extremamente difícil de ser avaliado.

Novo Estudo do CCI sobre Coextinções

Um novo estudo conduzido pelo CCI aceitou esse desafio a fim de determinar a importância das coextinções em condições de mudanças ambientais.

Giovanni Strona, cientista do CCI, em colaboração com o Professor Corey Bradshaw da Universidade Flinders em Adelaide, Austrália, construíram 2000 “Terras Virtuais” e as povoaram com milhares de plantas e animais organizados em um sistema global de cadeias alimentares interligadas.

Então, eles sujeitaram as Terras virtuais a extremas trajetórias de mudanças ambientais, compostas ou de um “aquecimento global”, ou seja, um aumento linear e monotônico de temperatura, ou de um “inverno nuclear”, ou seja, um resfriamento progressivo, como o que poderia ocorrer após múltiplas detonações nucleares ou após o impacto de um asteroide.

Eles então monitoraram a perda da diversidade de espécies em dois cenários separados, até a completa aniquilação da vida.

No primeiro cenário, eles apenas registraram a extinção de uma espécie quando a temperatura se tornou alta ou baixa demais para a espécie suportar.

No segundo cenário, começando com as extinções provocadas pela divergência entre a temperatura local e os limites de tolerância das espécies, eles também simularam cascatas de coextinção.

Comparando os dois cenários, os cientistas conseguiram fornecer uma estimativa quantitativa da importância relativa das coextinções na perda da biodiversidade planetária.

Eles descobriram que não levar em conta as interdependências entre as espécies leva à subestimação da magnitude de extinções em massa provocadas pela mudança climática em até 10 vezes.

Giovanni reflete que “os conservacionistas e os tomadores de decisão precisam rapidamente ir além do enfoque em espécies específicas e prestar cada vez mais atenção às redes de interação das espécies como uma meta fundamental de conservação. Quando uma espécie deixa nosso planeta, perdemos muito mais do que um nome em uma lista.”

O estudo também investigou o pior cenário possível de mudança de temperatura devido ao aquecimento global.

De acordo com as simulações, 5 a 6ºC de aquecimento seria o suficiente para exterminar a maior parte da vida criada pelos cientistas nas Terras virtuais.

Giovanni reconhece que “existem limitações óbvias em nosso modelo ambicioso, devido aos múltiplos desafios de se construir sistemas ecológicos globais realísticos.

Por um lado, nossos resultados são consistentes com padrões do mundo real dos quais temos evidência empírica.

Isto nos dá confiança de que muitas suposições que tivemos de fazer para construir um modelo funcional são sólidas. Por outro lado, no entanto, seria enganoso focar somente em números brutos.”

O que fica claro é que uma Terra mais quente colocará pressão crescente na biodiversidade do planeta, e as coextinções agravarão esse impacto.

Embora seja improvável que a Terra aquecerá 5 ou 6ºC no futuro próximo, é bem provável que a temperatura global continuará a aumentar.

Referência:

Co-extinctions annihilate planetary life during extreme environmental change
Giovanni Strona & Corey J. A. Bradshaw
Scientific Reportsvolume 8, Article number: 16724 (2018)

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