Papa: cuidado com os cristãos ''perfeitos'' e rígidos

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17 Outubro 2018

A salvação é um dom do Senhor. O cristão sabe que tudo é graça. Por isso, é preciso se proteger dos cristãos que se apresentam rígidos e perfeitos. E também dos hipócritas que tentam “sujar” os outros, dando “más notícias”.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada em Vatican Insider, 16-10-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Francisco comentou a passagem do Evangelho que narra o almoço de Jesus na casa de um fariseu. O Nazareno estava sentado à mesa sem fazer as abluções rituais, provocando o assombro do seu hóspede diante da falta de observância da lei. E tinha respondido claramente à objeção do fariseu.

Na homilia, o papa enfatizou a diferença entre o amor do povo por Jesus, porque chegava aos seus corações, e também um pouco por interesse, e o ódio manifestado a ele pelos doutores da Lei, escribas, saduceus, fariseus que o seguiam para pegá-lo de surpresa. Eram os “puros”.

“Eram realmente um exemplo de formalidade. Mas lhes faltava a vida. Eram – por assim dizer – ‘engomados’. Eram rígidos. E Jesus conhecia a alma deles. Isso nos escandaliza, porque eles se escandalizavam com as coisas que Jesus fazia quando perdoava os pecados, quando curava no sábado. Rasgavam as suas vestes: ‘Oh! Que escândalo! Isso não é de Deus, porque se deve fazer isto’. Não se importavam com as pessoas: importavam-se com a Lei, as prescrições, as rubricas”.

O papa ressaltou a liberdade de Jesus, que aceita o convite do fariseu para almoçar e, vendo-o escandalizado com seu comportamento, lhe diz: “Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades”. “Não são palavras bonitas, hein?”, comenta o pontífice. “Jesus falava claro, não era hipócrita. Falava claro. E lhe diz: “Mas por que vocês olham para o lado de fora? Olhe o que há dentro’. Outra vez ele lhes dissera: ‘Vocês são sepulcros caiados’. Belo elogio, hein? Bonitos por fora, todos perfeitos... todos perfeitos... Mas, por dentro, cheios de podridões, de avidez, maldade, diz. Jesus distingue as aparências da realidade interna. Esses senhores são os ‘doutores das aparências’: sempre perfeitos, mas o que há dentro?”

O papa recordou, então, outras passagens do Evangelho em que Jesus condena as pessoas que têm essa atitude, como, por exemplo, a parábola do Bom Samaritano ou a página que descreve o seu modo ostensivo de jejuar e de dar esmola. A eles, diz Francisco, “interessava a aparência”: “Jesus qualifica essas pessoas com uma palavra: ‘hipócritas’”. Pessoas ávidas, “capazes de pagar para matar ou caluniar, como se faz hoje. Hoje também se faz assim: paga-se para dar más notícias, notícias que sujem os outros”. Uma menção que pode estar ligada aos acontecimentos das últimas semanas e dos últimos dias, com os dossiês que envenenam a vida da Igreja.

Francisco recordou que fariseus e doutores da Lei eram pessoas rígidas, não dispostas a mudar. “Mas sempre, debaixo ou dentro de uma rigidez, há problemas. Graves problemas. Por trás das aparências de bom cristão, aparências, para que fique claro, que sempre tentam aparecer, maquiar a alma, há problemas. Lá não está Jesus. Lá está o espírito do mundo.”

Jesus os chama de “tolos” e os aconselha a abrir as suas almas ao amor, para permitir que a graça entre. Porque a salvação, explica o papa, “é um dom gratuito de Deus. Ninguém salva a si mesmo, ninguém. Ninguém salva a si mesmo nem mesmo com as práticas dessas pessoas”.

Bergoglio concluiu a homilia com uma advertência: “Fiquem atentos com os rígidos. Fiquem atentos com os cristãos – sejam eles leigos, padres, bispos – que se apresentam tão ‘perfeitos’, rígidos. Fiquem atentos. Não está aí o Espírito de Deus. Falta o espírito de liberdade. E fiquemos atentos com nós mesmos, porque isso deve nos levar a pensar na nossa vida. Eu tento olhar apenas para as aparências? E não mudo o meu coração? Não abro o meu coração à oração, à liberdade da oração, à liberdade da esmola, à liberdade das obras de misericórdia?”.

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