"Do tesouro do seu coração". Pérolas de Martini

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28 Março 2018

Andrea Grillo comenta o livro Perle di Martini. La Parola nella città – 1998-2002, do Cardeal Carlo Maria Martini, que acaba de ser publicado. O comentário é publicado no blog Come se non, 25-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.


Eis o texto.

Marco Vergottini (ed), Perle di Martini
La Parola nella città (1980-2002), EDB,
Bologna 2018, pp. 336, € 19,00

Um terceiro volume, editado por Marco Vergottini, intitulado Perle di Martini. La Parola nella città - 1998-2002 (Pérolas de Martini. A Palavra na cidade - 1980-2002, EDB, Bologna, 2018) continua com a afortunada série idealizada pelo editor que começou com o Concílio Vaticano II, do qual havia publicado um volume de Perle del Concilio para comemorar seu 50º aniversário, trazendo os comentário feitos por uma centena de teólogos; depois direcionando-se para uma série de "retratos" em Martini e noi, sempre estimulados pelo comentário em ‘textos' do autor; e agora, chegando neste último volume, uma agradável antologia extraída de todas as ‘palavras’ que Martini ofereceu à sua Igreja e à sua cidade, ao longo dos 22 anos de ministério ambrosiano.

Esse volume permite um exercício singular da memória, oferecendo os textos do Pastor em ordem estritamente cronológica, desde sua entrada na cidade de Milão, em 10 de fevereiro de 1980, até sua despedida em 8 de setembro de 2002, por ocasião de sua transferência de Milão para Jerusalém. Ao longo destes 22 anos, o magistério ambrosiano de Martini parece majestoso e tecido de "Palavra na Igreja" e "palavras para a cidade". Essa trama de relações, com o Evangelho e com a experiência dos homens, é encontrada em todas as cartas, nos discursos e nas intervenções: como observou o curador, trata-se de um número impressionante de textos - são 1136, com um total de 13.219 páginas! - entre os quais foram escolhidas as "pérolas" que cadenciam o livro e suscitam o comentário de teólogos, pastores, políticos e figuras públicas. O que emerge é um retrato do pastor e do homem que poderia ser lido quase como um "texto paralelo" ao filme de Ermanno Olmi Vedete, sono uno di voi.

O texto foi organizado em 23 partes, com base na ordem cronológica dos textos do Martini. Cada parte começa com duas páginas retiradas de um texto significativo do cardeal que, em seguida, com outros trechos menores, é comentado em duas páginas por autores selecionados pelo curador. O resultado é muito interessante. Permite desfrutar, de novo e com igual admiração, do "dom da Palavra" que C.M. Martini soube imbuir em todos os seus escritos. Seguindo os passos das Escrituras e com vívida imaginação, profunda reflexão e sabedoria elementar, os breves textos ressoam de nobre simplicidade, de um poder que nos toca, de forma refinada e verdadeiramente memorável.

Não só a Igreja de Milão pode desfrutar dos textos: quando eram publicados logo entravam em um circuito de atenção, de formação e de meditação realmente imenso e frutífero. Ainda hoje, relidos 20, 30 e quase 40 anos mais tarde, ainda são atuais. A antologia desperta o interesse para retornar à obra integral. Isso nos permute perceber de quanto frescor, de quanta liberdade e de quanta solidez soube se alimentar a palavra cristã, quando sabia ser o eco de uma Palavra que inquieta, que instiga o pensamento e que consola como nenhuma outra.

A coleção de textos, que Marco Vergottini preparou com tanto cuidado, não decepciona. E também pode ajudar a esclarecer o contexto e o pressentimento no qual, com boas razões, aquela liberdade de palavra e aquela força de pensamento puderam e quiseram se transferir do bispo de Milão para o Bispo de Roma. Uma arqueologia do magistério contemporâneo também encontra nesse volume os traços inegáveis de inspirações e de fontes, que parecem tão belas e fascinantes, quanto conceituadas e fecundas para todo o magistério universal. Para que a Igreja não seja tentada a encontrar a si mesma apenas no retrato da Belle Epoque, agora já datado de 150 anos. Mas saiba se despedir das formas caducas daquele mundo e daquela Igreja, da mesma forma que as últimas palavras do Card. Martini profeticamente desejavam.

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