O monsenhor da revolução na mídia de Deus

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23 Março 2018

O Mons. Dario Edoardo Viganò trabalhou o dia todo no seu escritório na Via della Conciliazione, 5, como se nada tivesse acontecido. Aos seus, ele simplesmente leu a carta que escreveu a Francisco, pedindo para acolher a renúncia, assim como a resposta do papa. Esta última, em particular, tranquilizou-o muito: o papa reconheceu a bondade de seu trabalho e criou-lhe o posto de assessor dentro da própria Secretaria para a Comunicação.

A reportagem é publicada por La Repubblica, 22-03-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Uma renúncia não é algo usual no Vaticano. Em escândalos que tomaram dimensões até mesmo mais graves, nenhum dos prelados vaticanos decidiu fazer um gesto que, no fim das contas, diz muito sobre o caráter desse monsenhor nascido no Rio de Janeiro, mas que tem origens em Brianza. Quem o conhece o descreve como um homem que não ama as meias medidas, ou tudo ou nada, daí a renúncia sem segundos pensamentos: “Não quero prejudicar a reforma, coloco-me à parte”, escreveu ele a Francisco.

Trazido para dentro dos muros leoninos por Bento XVI em 22 de janeiro de 2013 como diretor do Centro Televisivo Vaticano (CTV), poucos dias antes do anúncio de sua renúncia ao pontificado ocorrida em 11 de fevereiro, Viganò, hoje com 55 anos de idade, conseguiu logo instaurar um laço de ferro com Francisco, que confiou em tudo e para tudo nele, dando-lhe as chaves da reforma da mídia. Várias vezes, o Papa Bergoglio e os cardeais do C9 o ouviram palestrar sobre os conteúdos dessa mesma reforma, sempre os aprovando.

Amante de cinema – ele ensina Linguagens e Mercados do Audiovisual na Luiss, enquanto por mais de uma década foi presidente da Fundação Ente dello Entretenimento e diretor da Rivista del Cinematografo, além de professor da Pontifícia Universidade Lateranense –, ele é descrito como um esteta, o culto do belo até mesmo na escolha dos móveis de seu escritório, todos móveis brancos não muito usuais nas antigas salas da Santa Sé.

A busca do belo também é filha das visitas frequentes ao artista e presbítero esloveno Marco Rupnik. O “Pe. Dario”, como todos o chamam no Vaticano, participou nos seus Exercícios Espirituais e nunca se distancia da sua teologia “artístico-mística”: a beleza silenciosa das cores puras, o amor por Kandinsky, a conversão para a arte figurativa após o estudo dos ícones orientais.

Viganò tentou imediatamente trabalhar pela pureza das imagens no CTV, selando acordos que levaram a Santa Sé a transmitir pela primeira vez em Ultra HD e além. E, depois, produzindo documentários nos quais, no centro, não havia tanto a figura do papa, mas sim a beleza da arte vaticana, esculturas, quadros, imagens que elevam a Deus.

Essa quarta-feira, 21, foi vivida por Viganò com essa separação amadurecida também durante os anos da formação ambrosiana com o arcebispo Carlo Maria Martini. Muitos lhe manifestaram proximidade, incluindo o Pe. Ivan Maffeis, chefe da comunicação da Conferência Episcopal Italiana (CEI): “Ao Pe. Dario, o Escritório e o sistema de mídia da CEI estão ligados por uma amizade que vai além da colaboração operacional. Nessa passagem delicada, ao lhe renovar a nossa gratidão, estamos particularmente próximos dele, certos de que o processo de reforma empreendido vai continuar”.

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