Sucesso total da arriscada viagem de um Papa corajoso

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02 Mai 2017

O Papa Francisco foi para o Egito, onde o Estado Islâmico acabava de fazer estragos entre os cristãos coptas, sem colete à prova de balas, nem carro blindado. De peito aberto, em um pequeno carro aberto. Papa-João-sem-medo.

A reportagem é de José Manuel Vidal e publicada por Religión Digital, 29-04-2107. A tradução é de André Langer.

E, mais uma vez, Francisco transformou uma viagem histórica e arriscada em um sucesso para dentro e dentro fora. Um entalhe a mais para acrescentar à sua já longa folha de serviços à sociedade e à Igreja.

Está claro que Francisco tem a habilidade de se relacionar com as pessoas. E o demonstra por onde passa. Com os seus e com os outros. No Cairo, pude ser testemunha direta de como tratou com os imãs da famosa Universidade-mesquita de al Azhar, centro espiritual e intelectual do Islã moderado, que havia dado as costas a Roma após o discurso de Regensburg de Bento XVI.

“Este Papa se faz querer por todos, inclusive pelos muçulmanos”, disse o padre Ángel, testemunha também do carinho que Francisco suscita entre todas as pessoas. Ninguém fala mal dele, e todos, independentemente da religião que forem, reconhecem-no como “o Papa da paz” e o “Papa dos pobres”.

No Cairo, estendeu a mão ao Islã moderado, que se reivindica como uma religião de paz, e estreitou laços com os irmãos coptas e ortodoxos. Pedro-Francisco, André-Barnabé e Marcos-Teodoro (os três Papas cristãos) celebraram juntos as vésperas do ecumenismo da vida e do sangue. Apostando na unidade na diversidade. No mosaico. No poliedro. Em propor o diálogo, sem renunciar a própria identidade de cada um.

Após estender a mão aos muçulmanos e abraçar os coptas e os ortodoxos, Francisco propôs aos seus, aos católicos, a missão de semear, na “terra do sol”, o “extremismo da caridade”. No último dia, tanto na missa como no encontro com freiras, padres, frades e seminaristas, pediu-lhes para adotar a missão do “pequeno rebanho”, do fermento na massa.

O Papa quer que seus quadros sejam os esquadrões da revolução da ternura, que os soldados da sua primavera sejam “luz e sal desta sociedade” majoritariamente muçulmana. E, como para corroborá-lo, escuta-se o canto do muezim da mesquita próxima ao seminário católico cairota, onde o Papa está pronunciando seu discurso no encontro com o clero.

Ele não quer que seus padres, freiras e frades sejam “profetas de calamidades”, mas “locomotivas do trem da paz”, “semeadores de esperança” e “construtores de pontes”. Imagens evocativas e positivas fortes, com o reverso das sete tentações, contra as quais os colocou em guarda.

Entre essas tentações estão a de “lamentar-se continuamente” ou a “tentação do faraonismo”, que encaixava perfeitamente no contexto e que significa olhar os outros por cima do ombro e, por conseguinte, converter-se em príncipes. Deus e o Papa querem-nos servidores, seguindo na esteira dos Santos Padres do deserto egípcio, fundadores da vida monástica, exemplo perfeito de encarnação e de mística.

Está claro que após a sua visita Francisco deixa no Egito uma Igreja católica mais evangélica e servidora, um ecumenismo que faz caminho ao caminhar e um diálogo com o Islã, que, após mais de 10 anos de ruptura, recomeça o processo de aproximação. ‘Al Salamu Alaikum’, como Francisco repetiu várias vezes.

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