Crítico do Papa, Cardeal Burke discursará em congresso de Direito Canônico

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26 Janeiro 2017

Um destacado crítico da abordagem do Papa Francisco no tocante ao ministério para os católicos divorciados e recasados e suas reformas aos procedimentos de anulação matrimonial na Igreja será o principal palestrante em um congresso para canonistas em San Francisco.

O Cardeal Raymond Burke para será o palestrante principal do Encontro sobre Direito Canônico da Região Oeste, entre os dias 14 e 16 de março, na Catedral de Santa Maria, em San Francisco.

A reportagem é de Dan Morris-Young, publicada por National Catholic Reporter, 24-01-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

Um material de divulgação do evento lista os títulos das palestras do cardeal como sendo “Mitis Index Dominus Jesus: Um ano depois” e “Problemas/Preocupações/Observações atuais concernentes aos tribunais americanos”.

Mitis Index Dominus Jesus (“O Senhor Jesus, manso Juiz”) é um dos dois documentos que Francisco emitiu em setembro de 2015 destinados a reformar os procedimentos relativos às declarações de nulidade matrimoniais. O seu texto aborda os protocolos de anulação na Igreja Católica de rito latino. O segundo, Mitis et misericors Iesus (“Jesus, manso e misericordioso”), delineia as reformas para o Código dos Cânones das Igrejas Orientais.

Burke vem sendo um dos principais detratores das reformas relativas ao processo de anulação matrimonial assim como da exortação apostólica de Francisco sobre o matrimônio e a vida familiar, Amoris Laetitia, lançada em abril passado.

As reformas no setor de anulação e a exortação papal são o produto de duas consultas episcopais mundiais feita pelo Vaticano – a III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos em 2014 e a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos no ano seguinte. Ambas focaram a família.

No evento em San Francisco, um “fórum aberto” com Burke está marcado para o dia 15 de março à tarde.

Em novembro, Burke foi um dos quatro cardeais a assinar uma carta aberta a Francisco que pedia que o pontífice respondesse cinco perguntas de sim ou não, as quais – segundo eles – esclareceriam aquilo que descreveram como uma confusão doutrinal ou ambiguidade em Amoris Laetitia.

A própria carta dos cardeais atraiu críticas, em particular do Cardeal Gerhard Müller, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

“Entre 80 e 100” participantes são esperados no congresso promovido pela Associação de Direito Canônico da Região Oeste, que é contígua com a Região XI dos bispos americanos e inclui a Califórnia, o Havaí e o estado de Nevada, segundo Michael Brown, diretor de comunicações da Arquidiocese de San Francisco.

Perguntado sobre o fato de que a presença de Burke poder ser interpretada como um endosso tácito às críticas do cardeal a Francisco, Brown escreveu por email: “Desculpa, [esta pergunta é] demais subjuntiva e teórica para eu poder responder, quanto mais o arcebispo”.

Brown disse que o convite a Burke foi proposto pelo chanceler de San Francisco e vigário jurídico de seu Tribunal Metropolitano, o Mons. Michael Padazinski, e facilitado por Salvatore Cordileone.

Padazinksi confirmou esta informação em 23 de janeiro, mas observou que as negociações sobre a possível presença de Burke datam vários meses atrás, antes de irromperem as preocupações do cardeal em torno dos processos de anulação e Amoris Laetitia.

Também pastor da Paróquia de São Patrício em Larkspur, Padazinski notou que Burke “é um canonista renomado e de primeira-classe” e que a presença do prelado de San Francisco “é um bom atrativo”.

“As pessoas vão querer ouvir o que ele tem a dizer”, disse ele.

De 2008 a 2011, Padazinski fez parte do conselho dos presidentes da Associação de Direito Canônico da América (Canon Law Society of America – CLSA).

O Pe. Roger H. Keeler, coordenador executivo da CLSA, disse ao National Catholic Reporter que os grupos regionais da associação escolhem os seus próprios temas e palestrantes de maneira independente do conselho de presidentes da organização. “Eu certamente não estarei interferindo em nada” sobre a escolha de Burke para palestrar na Região Oeste, disse Keeler.

Burke foi um dos consagradores da consagração episcopal de Cordileone como bispo auxiliar de San Diego em agosto de 2002.

Enquanto estiver na região, Burke deverá presidir uma missa na forma extraordinária (em latim) na Paróquia Santa Maria Margarete, em Oakland, no dia 19 de março, e “possivelmente visitará o Seminário de São Patrício e os Cavaleiros de Malta locais”, disse Brown.

Burke, 68, foi designado no final de 2014 para ser o patrono dos Cavaleiros de Malta, organização caritativa internacional sediada em Roma, depois que Francisco o tirou do posto de prefeito do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica, a mais alta autoridade da Igreja depois do papa.

Tanto Burke quanto Francisco disseram que a mudança, vista por muitos com um rebaixamento, não teve relação com as críticas.

Os Cavaleiros de Malta – formalmente conhecidos como Ordem Soberana Militar Hospitalar de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta ou Soberana Ordem Militar dos Cavaleiros de Malta – tem as suas próprias tensões com o papa relativas à demissão de seu Grande Chanceler, Albrecht Boeselager , conforme relatado na imprensa.

Além de Burke, os cardeais que assinam a carta aberta a Francisco concernente a Amoris Laetitia são Carlo Caffarra, arcebispo emérito de Bolonha; Walter Brandmüller, presidente emérito da Pontifícia Comissão de Ciências Históricas; Joachim Meisner, arcebispo emérito de Colônia.

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