Homens e mulheres: perante Jesus, nenhuma hierarquia. Entrevista com Oswald Gracias, cardeal indiano

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11 Janeiro 2017

Telefonamos várias vezes para Santa Marta: pedimos para falar com o secretário do cardeal Oswald Gracias, que está em Roma para as reuniões do conselho dos cardeais que ajuda o Papa Francisco “no governo da Igreja universal”. Na enésima tentativa, um dos empregados da recepção nos explica a dificuldade para encontrá-lo: “Sua Eminência está sozinho, ninguém o acompanha”. Uma primeira lição sonora: aos 72 anos, depois de enfrentar graves problemas de saúde, o atual presidente da Federação das Conferências dos Bispos Católicos Asiáticos, além de presidente da Conferência dos Bispos Católicos Latinos da Índia e um dos cardeais mais próximos de Francisco, frequentemente (poucos dias antes do nosso encontro, ele tinha vindo para participar da canonização da Madre Teresa) faz idas e voltas entre Roma e Mumbai (a antiga Bombaim) sozinho.

A reportagem é de Giulia Galeotti, publicada no jornal L’Osservatore Romano, 03-01-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Estamos procurando-o para uma entrevista em antecipação a esta edição do caderno Donne Chiesa Mondo, porque Oswald Gracias, além de ter tomado várias vezes a palavra em defesa das mulheres, é um especialista em direito canônico: depois do diploma na Urbaniana e do diploma em Direito pela Gregoriana, ele foi, dentre outras coisas, várias vezes presidente da Canon Law Society of India (1987-1991, 1993-1997) e consultor do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos.

No início da nossa conversa, o cardeal especifica: “No início da história da Igreja, nos tempos de Jesus, não havia nenhuma discriminação: na mente de Nosso Senhor, cada um tem o seu papel, sem nem mesmo o menor vestígio de hierarquia. Foi apenas posteriormente que as coisas mudaram na Igreja: ao longo dos anos, de fato, as mulheres foram relegadas a postos e papéis secundários. E a mudança ocorreu porque a Igreja vive no mundo, e, assim, acaba assumindo a sua mentalidade: e, no mundo, as mulheres tinham um posto de segunda categoria”.

Eis a entrevista.

E ainda estamos lá...

Mas as coisas estão mudando, até mesmo na Igreja! O Papa Francisco repete isto muitas vezes: para a vida da comunidade eclesiástica, é importante que as mulheres tenham papéis de responsabilidade.

Hoje, as mulheres católicas indicam no direito canônico a razão da sua exclusão: não seria uma questão teológica ou de limites indicados nas Escrituras, mas sim um problema de direito canônico...

Como canonista, gostaria de defender o direito canônico e dizer que ele não tem qualquer responsabilidade. Mas, por outro lado, eu não o defenderia até o ponto de sustentar que ele não pode precisar ser revisto ou modificado. Mas, se olharmos para as normas em si mesmas, há muito poucas restrições que excluem expressamente o feminino, como é o caso, por exemplo, da ordenação sacerdotal. O verdadeiro ponto, no máximo, é outro: a distinção entre clero e leigos, entre aquilo que uns e outros podem fazer. Isso poderia ser revisto. Mas, quando se fala de leigos, eu não vejo uma diferença substancial entre homens e mulheres. No entanto, isso não descarta que, talvez, chegou o momento de tomar uma ação positiva para mostrar claramente que as mulheres são parte da Igreja. Também falamos disso recentemente dentro da nossa conferência episcopal. Claro, as coisas são muito diferentes de acordo com os contextos e as sociedades: em algumas conferências episcopais, as mulheres desempenham papéis que não têm em outras; a variedade é realmente grande. No fundo, porém, seria preciso ficar claro que, como homens e mulheres são diferentes, a especificidade feminina é uma riqueza para a vida da Igreja. É importante que todos entendam isso e que o coloquem em prática, depois.

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