19 Mai 2017
Neste espaço se entrelaçam poesia e mística. Por meio de orações de mestres espirituais de diferentes religiões, mergulhamos no Mistério que é a absoluta transcendência e a absoluta proximidade. Este serviço é uma iniciativa feita em parceria com o Prof. Dr. Faustino Teixeira, teólogo, professor e pesquisador do PPG em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora - MG.
Ritmo do Mundo
Ouço sussurrar sua flauta,
E já não consigo me conter.
Ainda não chegou a primavera,
E as flores irrompem dos botões,
Chamando as abelhas ao festim.
O relâmpago risca o céu,
O trovão estrondeia e reverbera,
A chuva se traduz em aguaceiro,
As ondas se elevam, batem forte:
Deixo a casa em busca do Senhor.
Onde existe ritmo neste mundo,
Lá já percutiu meu coração.
Onde ocultas bandeiras esvoaçam,
Lá já sopraram meus suspiros.
Estou morto. Todavia sigo vivo.
Fonte: Kabir. Cem poemas. 2 ed. São Paulo: Attar, 2016, p. 68
Kabir | Fonte da imagem: shivpreetsingh.com
Kabir (1440 - 1518): Poeta místico da Índia medieval, escrevia poemas que evidenciavam uma mistura entre o movimento de bhakti hindu e o sufismo, ambos de importante influência cultural. Sua obra ficou famosa "por desdenhar profundamente qualquer tipo de designação ou filiação religiosa, e sua filosofia e ideais de relacionamento amoroso com Deus eram expressos de maneira metafórica, conforme tanto a corrente vedantista do hinduísmo (advaita) quanto a corrente de bhakti, empregando o hindi, na forma vernacular". Kabir usava linguagem simples para difundir seus princípios religiosos e acreditava que a vida é uma inter-relação entre Deus e alma individual.
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Kabir na oração inter-religiosa desta semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU