Aproximando-se dos emigrantes. Comentário de José Antonio Pagola

Foto: EdgarPar/Pixabay

26 Setembro 2025

O comentário é de José Antonio Pagola, teólogo espanhol, referente ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 16,19-31, que corresponde ao 26° Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico, publicado por Religión Digital, 22-09-2025.

Eis o comentário.

O pobre Lázaro está ali, morrendo de fome "à sua porta", mas o rico evita qualquer contato e continua a viver "esplendidamente", alheio ao seu sofrimento. Ele não atravessa aquela "porta" que o aproximaria do mendigo. No final, descobre, horrorizado, que um "vasto abismo" se abriu entre eles. Esta parábola é a crítica mais implacável de Jesus à indiferença ao sofrimento de um irmão.

Há cada vez mais imigrantes ao nosso redor. Eles não são "personagens" de uma parábola. São homens e mulheres de carne e osso. Estão aqui com suas angústias, necessidades e esperanças. Servem em nossas casas, caminham por nossas ruas. Estamos aprendendo a acolhê-los ou continuamos a viver nossa pequena vida de bem-estar, indiferentes ao sofrimento daqueles que nos parecem estranhos? Essa indiferença só se dissolve quando damos passos que nos aproximam deles.

Podemos começar aproveitando cada oportunidade para interagir com um deles de forma amigável e descontraída, e conhecer mais de perto seu mundo de problemas e aspirações. Como é fácil descobrir que somos todos filhos e filhas da mesma Terra e do mesmo Deus.

É essencial não rir de seus costumes ou zombar de suas crenças. Eles pertencem à parte mais profunda de seu ser. Muitos deles têm um senso de vida, solidariedade, celebração ou acolhimento que nos surpreenderia.

Devemos evitar toda linguagem discriminatória para não menosprezar qualquer cor, raça, crença ou cultura. Vivenciar a riqueza da diversidade nos torna mais humanos. Chegou a hora de aprender a viver no mundo como uma "aldeia global" ou uma "casa comum" para todos.

Eles têm falhas, porque são como nós. Devemos exigir que respeitem nossa cultura, mas devemos reconhecer seus direitos à legalidade, ao trabalho, à moradia e à reunificação familiar. E, antes disso, devemos lutar para diminuir o abismo que hoje separa os ricos dos pobres. Cada vez mais estrangeiros viverão conosco. Esta é uma oportunidade para aprendermos a ser mais tolerantes, mais justos e, em última análise, mais humanos.

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