24 Novembro 2023
- As fontes não admitem dúvidas. Jesus vive focado naqueles que ele vê precisando de ajuda. Ele não consegue passar. Nenhum sofrimento lhe é estranho. Ele se identifica com os menores e mais indefesos e faz tudo o que pode por eles. Para ele, a compaixão vem em primeiro lugar. A única maneira de ser como Deus: “Seja compassivo como seu Pai é compassivo”.
- "Nossas vidas estão em jogo neste momento. Não precisamos esperar por nenhum julgamento. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando daqueles que sofrem. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando de Cristo. Agora estamos decidindo nossas vidas".
O comentário é de José Antonio Pagola, publicado por Religión Digital, 20-11-2023.
Eis o comentário.
As fontes não admitem dúvidas. Jesus vive dedicado àqueles que ele vê necessitados de ajuda. Ele é incapaz de passar indiferente. Nenhum sofrimento lhe é estranho. Ele se identifica com os mais pequenos e desamparados, fazendo por eles tudo o que pode. Para ele, a compaixão vem em primeiro lugar. É a única maneira de nos assemelharmos a Deus: "Sede compassivos como vosso Pai é compassivo".
Não deveria nos surpreender que, ao falar do Juízo Final, Jesus apresente a compaixão como o critério último e decisivo que julgará nossas vidas e nossa identificação com ele. Como podemos ficar surpresos ao vê-lo identificado com todos os pobres e desafortunados da história?
Conforme o relato de Mateus, "todas as nações" comparecem diante do Filho do homem, ou seja, diante de Jesus, o compassivo. Nenhuma diferença é feita entre "povo escolhido" e "povos pagãos". Nada é dito sobre diferentes religiões e cultos. Fala-se de algo muito humano e compreensível por todos: o que fizemos pelos que viveram sofrendo ao nosso lado?
O evangelista não se detém propriamente a descrever os detalhes de um julgamento. O que se destaca é um duplo diálogo que lança uma luz imensa sobre nosso presente e nos abre os olhos para ver que, em última instância, existem duas maneiras de reagir diante dos que sofrem: compadecemo-nos e ajudamo-los, ou desinteressamo-nos e os abandonamos.
"Vinde, benditos de meu Pai"
Quem fala é um juiz identificado com todos os pobres e necessitados: "Todas as vezes que socorrestes um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes". Aqueles que se aproximaram para ajudar um necessitado se aproximaram Dele. Por isso, devem estar junto a Ele no Reino: "Vinde, benditos de meu Pai".
Depois, ele se dirige àqueles que viveram sem compaixão: "Todas as vezes que não socorrestes um destes pequeninos, deixastes de fazer isso comigo". Aqueles que se afastaram dos que sofrem se afastaram de Jesus. É lógico que agora Ele lhes diga: "Afastai-vos de mim". Sigam o vosso caminho.
Nossa vida está sendo decidida neste momento. Não é preciso esperar por nenhum julgamento. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando daqueles que sofrem. Agora estamos nos aproximando ou nos afastando de Cristo. Agora estamos decidindo nossa vida.
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Jesus Cristo, Rei do Universo - A (Mateus 25,31-46).
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Um julgamento estranho. Comentário de José Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU