Pergunta decisiva

Fonte: James Tissot. Brooklyn Museum

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24 Agosto 2018

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 6,60-69 que corresponde ao 21° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o texto

O evangelho de João conservou a recordação de uma forte crise entre os seguidores de Jesus. Não temos dados. Apenas nos é dito que aos discípulos lhes resulta duro o seu modo de falar. Provavelmente parecia-lhes excessiva a adesão que espera deles. Num determinado momento, “muitos discípulos voltaram atrás, e não andavam mais com Jesus”.

Pela primeira vez experimenta Jesus que as Suas palavras não têm a força desejada. No entanto não as retira, pelo contrário, reafirma-as ainda mais: “As palavras que vos disse são espírito e vida, mas alguns de vocês não acreditam”. As Suas palavras parecem duras, mas transmitem vida, fazem viver, pois contêm Espírito de Deus.

Jesus não perde a paz. Não o inquieta o fracasso. Dirigindo-se aos Doze faz-lhes a pergunta decisiva: “Vocês também querem ir embora?”. Não os quer reter pela força. Deixa-lhes a liberdade de decidir. Os Seus discípulos não devem ser servos, mas amigos. Se querem, podem voltar a suas casas.

Uma vez mais, Pedro responde em nome de todos. A sua resposta é exemplar. Sincera, humilde, sensata, própria de um discípulo que conhece Jesus o suficiente para não o abandonar. A sua atitude pode ainda hoje ajudar a quem com fé vacilante pondera prescindir de toda a fé.

“A quem iremos, Senhor?”. Não tem sentido abandonar Jesus de qualquer forma, sem encontrar um mestre melhor e mais convincente. Se não seguem Jesus, ficarão sem saber a quem seguir. Não devem precipitar-se. Não é bom ficar sem luz nem guia na vida.

Pedro é realista. É bom abandonar Jesus sem ter encontrado uma esperança mais convincente e atrativa? Bastará substituí-lo por um estilo de vida rebaixado, sem metas nem horizonte? É melhor viver sem perguntas, questões, nem busca de nenhum tipo?

Há algo que Pedro não esquece: “As Tuas palavras dão vida eterna”. Sente que as palavras de Jesus não são palavras vazias nem enganosas. Junto Dele descobriram a vida de outra forma. A Sua mensagem abriu-lhes a vida eterna. Onde poderiam encontrar uma notícia melhor de Deus?

Pedro lembra, por último, a experiência fundamental. Ao conviver com Jesus descobriu que vem de Deus. De longe, a distância, desde a indiferença ou o desinteresse não se pode reconhecer o mistério que está em Jesus. Os Doze conviveram de perto. Por isso podem dizer: “Nós acreditamos e sabemos que tu és o Santo de Deus”. Seguirão junto a Jesus.

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