Caravana no México.Tensão em Tijuana, Trump acusa de invasão: “Os EUA não estão preparados para essa invasão. Vão para casa!”

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20 Novembro 2018

Entre 300 e 400 pessoas, com bandeiras mexicanas e cartazes, gritaram palavras de ordem contra os 2500 migrantes centro-americanos que chegaram à fronteira. Trump exigiu recursos aos democratas para reforçar a segurança.

A reportagem é publicada por Página/12, 19-11-2018. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Em um ambiente tenso, centenas de moradores de Tijuana, no norte do México, protestaram hoje contra a chegada da caravana de migrantes centro-americanos que querem pedir asilo nos Estados Unidos, enquanto o presidente estadunidense, Donald Trump, tuitou que se trata de uma invasão. Umas 300 a 400 pessoas, com bandeiras mexicanas e cartazes, gritaram palavras de ordem contra os migrantes. Alguns manifestantes trataram de ir até o albergue dos migrantes e jogaram garrafas contra a polícia, que estava protegida com capacetes e escudos e bloqueava a passagem das ruas com cercas. “Vão ficar aqui por meses e seguirão vindo mais, quem que vai sustentá-los?”, disse Arturo Alba, um médico que participou no protesto de Tijuana. “Isso é uma invasão”, disse outro dos manifestantes mexicanos, usando as mesmas palavras que utiliza Trump.

Em torno de 2500 migrantes centro-americanos, entre eles mulheres e crianças, que saíram de Honduras há um mês, estão em Tijuana, alojados em um albergue no centro desportivo Benito Juárez, à espera de decidirem seus futuros.

Outros 3 mil chegarão nos próximos dias a essa cidade do noroeste do México, de 1,7 milhões de habitantes. A maioria quer pedir asilo nos Estados Unidos, um trâmite que pode durar muitos meses e que pode levar também a sua deportação.

Os manifestantes, com cartazes que diziam “No más caravanas”, tremulavam bandeiras enquanto gritavam “Tijuana, Tijuana!” e “No más migrantes!”. Depois caminharam para um albergue, mas foram contidos pela polícia. Alguns jornalistas foram agredidos. “Fora invasores!”, disse Celia Oaxaca, uma das participantes no protesto na Glorieta Cuauhtémoc. “Pois são assassinos, não gente boa. E aqui já estamos completos com as pessoas que temos”.

Enquanto isso, Trump voltou a arremeter contra as caravanas migrantes por meio do Twitter e exigiu aos democratas a aprovação de recursos para reforçar a segurança fronteiriça e construir um muro. “Os imigrantes ilegais que estão tratando de vir aos Estados Unidos, muitas vezes tremulando orgulhosamente a bandeira dos seus países enquanto pedem asilo nos Estados Unidos, devem ser detidos ou deportados”, tuitou. “Os Estados Unidos não estão preparados para essa invasão e não tolerará. Estão causando crime e grandes problemas no México. Vão para casa!”, escreveu Trump.

O protesto de ontem foi o segundo incidente que se registrou desde que os migrantes entraram no México em 19 de outubro, de maneira irregular pelo rio Suchiate, na Guatemala. O primeiro foi um protesto de moradores do distrito de Playas de Tijuana.

Os centro-americanos, entre eles mulheres e crianças, percorreram aproximadamente 4,5 mil km desde Honduras até chegarem em Tijuana, fugindo da pobreza e da violência de gangues. Outras duas caravanas mais pequenas, mas também de milhares de pessoas, entraram depois no México e querem chegar também na fronteira, onde poderiam passar meses antes de poder solicitar refúgio aos Estados Unidos porque há lista de espera.

Entretanto, a pobreza e a violência generalizada não são suficientes para que os Estados Unidos lhes concedam o status de refugiados, e muitos acabam ficando em Tijuana. No sábado, a Polícia Federal mexicana reforçou a segurança com uma cerca de metal no cruzamento fronteiriço de El Chaparral-San Ysidro, entre Tijuana e o condado de San Diego, enquanto que nos Estados Unidos foram colocados arames farpados nos acostamentos das rotas de acesso. “A comunidade no México, em particular em Tijuana, está preocupada pelo tipo de ações levadas a cabo pelos membro da caravana”, disse Pete Flores, diretor de operações de campo da Patrulha Fronteiriça estadunidense em San Diego, a Fox News no sábado. O próprio prefeito de Tijuana, Juan Manuel Gastélum, teve expressões de rechaço aos centro-americanos, os quais, disse, “são uma bola de vagabundos e maconheiros”.

Ademais da manifestação anti-migrantes, ontem houve outra na qual habitantes da cidade se manifestaram contra a xenofobia e expressaram sua solidariedade aos migrantes. Em uma tentativa de reduzir tensões, alguns dos migrantes barraram e fizeram limpeza nas ruas e nos arredores do albergue para mostrar uma atitude positiva para a comunidade e contrapor as posturas xenófobas. “O povo do México tem que saber que nós hondurenhos somos agradecidos”, disse um migrante em uma assembleia que fez na noite de sábado, no centro desportivo Benito Juárez. “Obrigado México pela comida, obrigado pelo teto, obrigado por essas roupas”, expressou.

Carlos Yovani Gutiérrez, um migrante hondurenho de 28 anos, disse que poderia ficar em Tijuana se não for possível pedir asilo. “Andei por aí e em vários lugares me disseram que sim, que estavam com as portas abertas. Me disseram que os pagamentos são pequenos, mas tem segurança”, apontou.

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