27 Abril 2018
Glória, interpretada por Grace Passô, e Camila, vivida por Joana de Verona, são as personagens principais de Praça Paris, filme da carioca Lúcia Murat, que estreia nesta quinta-feira (26) nos cinemas de todo o País.
A reportagem foi publicada por HuffPostBrasil, 25-04-2018.
A trama, vencedora do Prêmio Dom Quixote de Melhor Filme no Festival de Havana e também do Festival do Rio 2017, promete chamar a atenção para um problema recorrente na sociedade brasileira: a desigualdade social, retratada na história pela relação entre as personagens de Grace e de Joana.
Glória vive o papel de uma ascensorista que trabalha na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj), enquanto Camila é uma psicanalista portuguesa que está no Brasil para estudar casos de violência.
A violência, aliás, é o grande drama da vida de Glória.
Violentada pelo pai quando criança, a ascensorista tem na figura do irmão, o traficante Jonas (interpretado por Alex Brasil), um protetor, mesmo estando na cadeia.
Por conta dos traumas enfrentados, Glória passa a frequentar sessões de terapia com Camila e compartilha com a psicanalista portuguesa os dramas de sua vida pessoal. A relação entre as duas se aprofunda ao ponto de a própria Camila se sentir ameaçada pela violência que ronda sua paciente.
"Nessas sessões, Glória começa a pensar tão intensamente, e essa reflexão a leva a transformar a sua própria vida", comentou Grace, em entrevista ao G1.
(Foto: Divulgação)
Para a cineasta Lúcia Murat, o longo vai além de um retrato da violência.
"O filme trabalha sobre o medo e a paranoia numa relação entre duas pessoas com histórias e classes sociais diferentes. O medo do outro me parece algo implantado na sociedade brasileira hoje. E a partir desse medo sabemos que injustiças, agressões, mortes violentas acontecem, como no filme, um thriller que trabalha a intimidade dos personagens", disse ao site Adoro Cinema.
Praça Paris também rendeu prêmios individuais para a atriz Grace Passô - consagrada atriz e dramaturga – e para a diretora Lúcia Murat, que tem no currículo outros trabalhos de destaque, como A Memória Que me Contam (2013) e Maré, Nossa História de Amor (2007).
Murat foi premiada como melhor diretora do Festival do Rio 2017, enquanto Passô venceu, além do Festival do Rio, o FEStin de Lisboa (Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa).
O roteiro da produção, 13ª da carreira de Lúcia Murat, foi realizado com colaboração do escritor Raphael Montes (Jantar Secreto, Dias Perfeitos e Vilarejo), e é uma realização dividida por Brasil, Portugal e Argentina.