Bispos brasileiros defendem a abertura a padres casados

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03 Novembro 2017

Na pilha de dossiês que pesam sobre a escrivaninha do Papa Francisco em Santa Marta, jaz uma proposta tão inovadora a ponto de ser potencialmente anunciadora de mais dores de cabeça para o pontificado. Trata-se da questão dos padres casados.

A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 02-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Desta vez, da forma como as coisas estão avançando, o tema-tabu parece realmente destinado a entrar na agenda sinodal de 2019. Todos os bispos da região panamazônica foram convocados a Roma para discutir e identificar “novos caminhos para a evangelização” dessa vastíssima região da América Latina, onde a Igreja sofre por causa do escasso número de padres à disposição.

Há muito tempo, as vocações no Brasil não conseguem mais enfrentar as exigências territoriais de centros habitados disseminados pela floresta, muito longe e difíceis de alcançar.

cardeal Claudio Hummes, grande eleitor do Papa Bergoglio (a ele é que se deve o nome de Francisco, sugerido ao recém-eleito depois do conclave) está decidido a encontrar uma solução viável e definitiva para enfrentar a emergência endêmica dos sacerdotes no território.

O projeto do cardeal, que também é presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, é de fazer com que seja aprovada no Sínodo de Roma a possibilidade de ordenar viri probati, homens casados e de grande fé, capazes de administrar espiritualmente uma comunidade de fiéis.

Hummes continua repetindo que o celibato não pode mais ser considerado uma espécie de dogma e que, portanto, poderia ser discutido em Roma, durante o Sínodo.

Nestes dias, o secretário da Comissão para a Amazônia, Dom Erwin Kräutler, até alguns meses atrás bispo da Prelazia do Xingu, também manifestou publicamente a urgência de dar a essa região a possibilidade de ordenar homens casados e, outra hipótese, proceder a ordenação de diaconisas.

O assunto teria sido abordado diretamente com Bergoglio, que, segundo a agência austríaca KNA, disse: “Escute os bispos e diga-lhes que façam propostas válidas”. Superar as barreiras existentes na Igreja não será fácil, mas Kräutler está confiante e conta que, na Amazônia, muitos fiéis, não tendo mais um pároco, deixam-se atrair por outras confissões ou pelas seitas.

Assim, o Sínodo sobre a Amazônia – agendado para daqui a dois anos, mas já em vias de preparação –, além de temas ligados à defesa ambiental, ao risco do desmatamento do maior pulmão verde do planeta, à proteção dos povos indígenas, provavelmente inserirá o tema-tabu que, há anos, foi rejeitado pelo Vaticano: a possibilidade de ordenar os viri probati para suprir a falta de sacerdotes em muitos lugares inacessíveis, dentro da imensa região americana.

No Brasil, a maioria dos bispos, sobre os viri probati, gostariam de ter uma palavra clara. Naturalmente, o interesse do Sínodo continua sendo o futuro da Amazônia, onde a carência vocacional poderia se tornar dramática. A possível decisão do papa em favor dos viri probati ad experimentum para a região, porém, poderia abrir um precedente e induzir, no futuro, outros episcopados interessados em avançar, como a Alemanha, a Bélgica, a Áustria, a República Tcheca, e lançar um debate interno.

Na prática, o teste brasileiro poderia desencadear um sistema secular e dar origem a oposições contrárias à inovação. Em suma, problemas à vista para o Papa Francisco.

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