18 Julho 2017
Pessoal de PORTO ALEGRE, segundo a meteorologia, nas madrugadas de terça e quarta a temperatura vai cair para 2 graus. Nós temos amplo acesso a informação, mas as pessoas em situação de rua não (além de também não terem um monte de outras coisas). Assim, a partir de amanhã ou de segunda, se virem moradores de rua aqui na capital alerte-os da queda de temperatura. Muitos não gostam de ir para abrigos (por razões que todos nós sabemos), mas o alerta é válido e importante. Sabendo dessa queda brusca de temperatura eles podem decidir ir para um abrigo ou se preparar para o frio intenso. Não quer abordar um morador de rua OK, mas viu algum no início da noite de segunda liga para a FASC, o telefone para solicitar a abordagem social é 3289 4994!!! As vezes é muito mais simples do que imaginamos ajudar o próximo!
Os amigos gaúchos que puderem compartilhar essa postagem eu agradeço muito!!! #FASC #METSUL #METROCLIMA #PORTOALEGRE
Mais de 1,65 trilhões de toneladas de CO2-equivalente foram lançados na atmosfera desde o início da Revolução Industrial até 2015, apenas devido à principal fonte de emissões antrópicas de gases de efeito estufa: a exploração e queima de combustíveis fósseis (isso exclui, portanto, outros fatores, como desmatamento e agropecuária). 50,4% dessas emissões ocorreram em 28 anos (entre 1988 e 2015), portanto mais do que tudo o que foi emitido nos primeiros 238 anos de Revolução Industrial. Esta é uma das conclusões do Relatório Carbon Majors Report 2017 (http://bit.ly/2tZU2Gq) que também mostra que a maior parte dessas emissões é de responsabilidade de um pequeno número de grandes corporações. As 3 faixas correspondem, de baixo para cima, às emissões de carvão, petróleo e gás.
Segundo um relatório da Oxfam (www.oxfam.org), as mudanças climáticas são caracterizadas por uma profunda desigualdade não apenas nos impactos, mas começando nas emissões de gases de efeito estufa por ricos e pobres. Os dados mostram que os 10% mais ricos do mundo respondem por 49% das emissões, enquanto os 10% mais pobres emitem apenas 1% dos gases de efeito estufa (em CO2-equivalente). Mas é ainda mais espantoso saber que as emissões per capita do 1% mais ricos são 175 vezes maiores que as emissões per capita dos 10% mais pobres.
Fonte: "Extreme Carbon Inequality", relatório da Oxfam, disponível aqui.
Existe uma confusão intencional nos discursos de ódio em torno à liberdade de expressão. Ontem teve defensor do Bolsonaro veio aqui e disse: "eu tenho o direito de ter minha opinião". E a resposta a isso é: sim, você tem esse direito mesmo.
Aqui há uma confusão básica entre o que pode ser enunciado e o que vale a pena ser enunciado. Por exemplo, você tem o direito de acreditar que a Terra é plana ou que 2 + 2 = 5? Tem. Se alguém quiser escrever na Folha que 2 + 2 = 5 isso é proibido? Não. No entanto, vale a pena escrever isso? Alguém acha que é produtivo acreditar que a Terra é plana, mesmo que saibamos com milhares de evidências que essa é uma afirmação falsa? Você acha que quem refuta seu artigo dizendo que 2 + 2 = 4 está o censurando? Então aqui o sujeito que defende discurso de ódio -- por exemplo, é preciso negar direitos civis iguais a gays e lésbicas -- está confundindo duas dimensões: a liberdade de pensamento é absoluta, mas na medida em que ela passa à expressão entra no âmbito público deliberativo. E portanto está sujeita à refutação sem que isso constitua censura. Você a expressa por conta e risco. O recente caso do MBL rechaçar o "fact checking" é o mesmo mecanismo: você tem o direito de acreditar em notícias falsas, mas na medida em que as enuncia qualquer um pode ir lá e mostrar a falsidade, tirando seu crédito. Isso é tão parte da liberdade de expressão quanto o seu pensamento privado, sua opinião. Se não aceita isso, quem está contra a liberdade de expressão é você.
No entanto, há que se conceder um ponto: existem muitos segmentos tanto da esquerda quanto de defesa de minorias que também confundem as duas dimensões. É o que os conservadores chamam de "politicamente correto". A expressão, embora tenha as piores raízes e usos, tem alguma razão de ser, pois significa a adoção por parte de ativistas (que Angela Nagle chama de "tumblr liberals") do mesmo tipo de confusão que os conservadores gostam de criar, só que com sinal invertido (isto é, no sentido de proibir). Assim, o "isso é absurdo" se transforma em "você não pode enunciar isso", formando o campo "contracultural" do "politicamente incorreto". E os dois mecanismos se reforçam infinitamente, pois cada um precisa do outro para sobreviver.
Estou recém me familiarizando com tudo isso na minha pesquisa, é tudo muito recente e surpreendente. Porém acho que uma resposta possível talvez seja recuperarmos o espaço dos argumentos, porque o escracho acabou se tornando um tapa-buraco para encobrir a fragilidade das razões. Não dizer: "isso é de direita", ou algo do gênero, mas "isso é errado por isso e isso" exige uma responsabilidade intelectual que vai além do militantismo que tem prevalecido nas redes. Acho que é hora de todos nós -- pessoas a quem repudia esse tom obscurantista que se alastra na sociedade -- começar a se colocar de uma maneira mais sóbria, menos militante, retraçando essa fronteira que pode trazer para o nosso lado novamente pessoas que abandonaram o bom senso devido aos exageros retóricos que cometemos nos últimos anos e acabaram beneficiando mais os autoritários e obscurantistas que aqueles que imaginávamos que iriam se beneficiar.