Universitários pedem que filósofos como Platão e Kant sejam removidos do currículo por serem brancos

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11 Janeiro 2017

Dizem que eles são os pais fundadores da filosofia ocidental, cujas ideias sustentam a sociedade civilizada. Porém, alunos de uma prestigiada universidade de Londres estão exigindo que figuras como Platão, Descartes e Immanuel Kant sejam retirados dos currículos por serem brancos.

A reportagem é de Camilla Turner, publicada por The Telegraph, 08-01-2017. A tradução é de Isaque Gomes Correa.

O diretório estudantil da Faculdade de Estudos Orientais e Africanos (School of Oriental and African Studies, ou simplesmente SOAS, instituição ligada à prestigiada Universidade de Londres) insiste que, ao estudar filosofia, “a maioria dos filósofos em nossos cursos” deveriam vir da África e da Ásia.

Os estudantes dizem que a iniciativa apresentada faz parte de uma campanha para “descolonizar” a universidade, ao mesmo tempo em que busca “abordar o legado estrutural e epistemológico do colonialismo”.

A iniciativa acontece depois de líderes educacionais advertirem que as universidades serão forçadas a ceder às demandas de alunos da geração “snowflakes” [1], por mais despropositadas que possam ser.

No âmbito das reformas na educação superior propostas, o governo quer pôr a satisfação estudantil no centro de um novo sistema de avaliação. Os críticos, no entanto, temem que a iniciativa venha a enfraquecer a integridade acadêmica.

O filósofo Roger Scruton disse que estas exigências sugerem certa “ignorância”. Segundo ele, “não se pode descartar um ramo inteiro de produção intelectual sem o ter investigado, e claramente estas pessoas não investigaram aquilo que querem dizer por filosofia branca”, declarou ao jornal The Mail on Sunday.

“Se acham que há um contexto colonialista a partir do qual a Crítica da Razão Pura de Kant surgiu, eu gostaria de ouvi-lo”.

Anthony Seldon, vice-chanceler da Universidade de Buckingham, acrescentou: “Existe o perigo real de que o politicamente correto esteja ficando fora de controle. Precisamos entender o mundo como ele era, e não reescrever a história conforme alguns gostariam que fosse”.

O diretório estudantil da SOAS, importante centro de estudos sobre a Ásia, África e Oriente Médio, afirma que “descolonizar” a universidade e “confrontar a instituição branca” é uma de suas prioridades para o presente ano acadêmico.

O diretório declara que “filósofos brancos” deveriam ser estudados somente “se necessário”, acrescentando que a obra deles deveria ser ensinada somente a partir de um ponto de vista crítico, por exemplo, “reconhecendo o contexto colonial dentro do qual os filósofos chamados ‘iluministas’ escreviam”, declararam.

Erica Hunter, coordenadora do departamento de Religiões e Filosofias da SOAS, afirmou que o ponto de vista adotado pelo diretório é “bastante ridículo”, acrescentando: “Eu farei uma resistência firme quanto a deixar de lado filósofos ou historiadores só porque está na moda”.

A doutora Deborah Johnston, pró-diretora do departamento de Ensino e Aprendizagem, disse: “Um dos grandes pontos fortes da SOAS é que temos olhado sempre para os problemas mundiais a partir de uma perspectiva das regiões que estudamos – Ásia, África e Oriente Médio. Um debate informado e crítico sobre o currículo que lecionamos é uma parte saudável e apropriada do empreendimento acadêmico”.

Nota do tradutor

[1] Geração snowflake é o termo usado para caracterizar adolescentes nascidos a partir de 2010. Uma de suas características é serem menos resilientes do que os membros das gerações anteriores e emocionalmente vulneráveis no lidar com as opiniões que desafiam as suas próprias ideias. Em geral, é considerado um termo depreciativo.

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