Por que fomos embora de Porto Alegre

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22 Agosto 2016

“Porto Alegre parece um pouco “ultrapassada”. As coisas chegam primeiro a todos os outros lugares. Gaúcho é turrão, faz do jeito dele e pronto. Não costuma ser muito bom com mudanças e adaptações. Porto Alegre é cidade com oportunidades incríveis e um puta potencial, se quebrarmos essas barreiras”, escreve Alfredo Fedrizzi, jornalista e publicitário, em artigo publicado por Zero Hora, 20-08-2016.

Eis o artigo.

Para que os candidatos reflitam!

Iniciou-se mais uma campanha eleitoral. No primeiro debate na Rádio Gaúcha, todos seguiram o que dizem as pesquisas: a insegurança que está batendo à porta de todos. Uma cidade mais inovadora também bateu recorde de citações. Não sei bem o que cada um entende por “cidade inovadora”!

Resolvi ouvir porto-alegrenses que deixaram a cidade para morar em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York, Miami, Londres, São Francisco, entre outras metrópoles. Pessoas bem formadas, inquietas e empreendedoras que, por algum motivo, saíram daqui. Perguntei: por que foram embora? O que POA precisaria ter para vocês voltarem a viver e trabalhar aqui?

Eis uma síntese das respostas, que tratam do nosso jeito de ser. Todos foram muito críticos com a cidade! Por uma questão de espaço, no próximo artigo vou falar do que acham dos aspectos funcionais da cidade:

– Não temos capacidade de olhar para o futuro. Estamos sempre olhando para o passado.

– Se você fica em POA, você se enfia numa espécie de “buraco negro” onde é muito mais difícil se expor para o Brasil e para o mundo.

– Porto Alegre parece um pouco “ultrapassada”. As coisas chegam primeiro a todos os outros lugares. Gaúcho é turrão, faz do jeito dele e pronto. Não costuma ser muito bom com mudanças e adaptações. Porto Alegre é cidade com oportunidades incríveis e um puta potencial, se quebrarmos essas barreiras.

– Morar em São Paulo por um tempo nos passa a sensação de estarmos mais conectados com o resto do país e do mundo. Pra muitos de nós, Porto Alegre continua girando em torno de si mesma, desconectada com o que acontece no resto do mundo.

– É tudo grenalizado, sempre A ou B. As coisas não têm nuances, não têm debate, não tem espaço pra mudar e evoluir, testar novos caminhos. Tem que sempre escolher um lado e morrer abraçada nessa escolha.

– Povo que se acha muito especial, evoluído, mais culto, mais inteligente, mais politizado, mais educado, mais simpático, mais tudo do que o resto do Brasil. E, obviamente, não é nada disso. É basicamente preconceituoso, fechado e pedante.

– Cultura muito tradicional e fechada, a ponto de ser opressora com o que é diferente. Tem que ser macho, a mulher tem que ser a Gisele, tem que comer churrasco, tem que ser faca na bota, tem que casar e constituir família. Não pode se vestir muito diferente, não pode agir muito diferente (a pluralidade que encontro em SP é uma das coisas que mais me encanta em morar aqui, tem de tudo e espaço pra todo mundo).

– O principal: menos bairrismo e gauchismo (é diferente de cultura regional forte, o que é bom). Porto Alegre não valoriza os talentos que tem. As pessoas têm que sair daí para serem valorizadas.

– Falta de objetivo como cidade. Porto Alegre não é polo de nada. Não é de tecnologia, não é de criação, de música, de gastronomia, nada.

– Porto Alegre, pelo tamanho de cidade média e cultura regional forte, poderia ser muito melhor do que é, se olhasse para o que acontece no resto do planeta, e não para o Laçador.

– Já que o gaúcho pensa que é melhor em tudo, realmente tem que trabalhar pra ser o melhor em tudo.

Senti muito ressentimento com a cidade. E lembrei de uma frase de Elis Regina, numa entrevista na RBSTV, quando eu dirigia o Jornal do Almoço. Foi cobrada de ser pouco gaúcha lá no Rio de Janeiro. E disparou: “Eu não saí daqui pra fundar um CTG!” Se cada um assumir o seu papel e não deixar só para os dirigentes fazerem as mudanças, poderemos ter uma cidade melhor e parar de perder alguns dos nossos melhores talentos.

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