08 Outubro 2014
De Jerusalém, onde a cúria da Custódia da Terra Santa tem sede, chega a confirmação do sequestro na Síria de um frei da comunidade: o frei sírio Hanna Jallouf (62 anos). O religioso é pároco do vilarejo cristão de Knayeh, no vale do rio Orontes, perto da fronteira com a Turquia, e foi levado na noite entre os dias 5 e 6 de outubro, com cerca de 20 outros reféns.
A reportagem é do sítio Terrasanta.net, 07-10-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os autores do sequestro seriam homens armados próximos do movimento jihadista Jahbat Al-Nusra. Algumas irmãs franciscanas conseguiram escapar do sequestro, encontrando refúgio em casas particulares.
O vigário apostólico de Aleppo, Dom Georges Abou Khazen, responsável também pelas comunidades de rito latino do vale do Orontes, disse à agência Fides que se sabe muito pouco do que está acontecendo: "Não conseguimos contatar ninguém e não fomos contatados por ninguém. Sabemos apenas que nessa segunda-feira o mosteiro também foi saqueado, e outras pessoas do vilarejo se esconderam. Entre os sequestrados, estão jovens, tanto homens, quanto mulheres".
Em 2008, quando a Síria ainda não tinha sido abalada pelo conflito em curso, uma nota dedicada ao trabalho do frei Hanna tinha sido publicada no Eco di Terra Santa. Os frades menores da Custódia – referíamos – estão presentes no vale do Orontes há mais de 125 anos. O convento, o centro juvenil, o jardim de infância e o ambulatório de Knayeh, gerido pelas irmãs franciscanas, são hoje também o centro da vida do vilarejo, que preserva com orgulho uma forte identidade cristã e ofereceu à Igreja síria muitas vocações sacerdotais e religiosas, tanto masculinas quanto femininas.
"Segundo a tradição – explicava o frei Hanna ao nosso diretor, Giuseppe Caffulli –, São Paulo, depois de ter recebido a notícia e a alegria de poder converter os helenos ao cristianismo, dirigiu-se de Jerusalém rumo à Antioquia. Então, havia três estradas que ligavam Apamea a Antioquia. Uma era a estrada militar rumo a Aleppo; uma outra passava perto do curso do Orontes, por seis meses impraticável por causa das cheias; uma terceira passava justamente atrás desta colina. Certamente, São Paulo passou por aqui, evangelizando estas terras. Em suma, certamente somos os descendentes dos primeiros cristãos convertidos pelo apóstolo missionário".
Anos atrás, abuna Hanna foi diretor do prestigioso Colégio da Terra Santa em Amã (na Jordânia), mas depois voltou para as montanhas do Orontes. "A minha família – contava o frei aos leitores do Eco – provém desses vales, e, para mim, foi um agravável retorno para casa. Mas também um novo desafio, porque os vilarejos do Orontes, uma vez a pupila dos olhos do catolicismo da Síria, estão enfrentando hoje uma pesada diáspora... Os jovens vão embora em busca de trabalho e de sorte. E isso enfraquece as comunidades cristãs, põe em perigo a própria existência das nossas Igrejas. Diante dessa situação, é preciso novamente apostar no futuro".
Ainda antes das confirmações oficiais, a notícia do sequestro do frei Jallouf e dos cristãos de Knayeh começou a repercutir desde essa segunda-feira em muitas páginas do Facebook em língua árabe. Os rumores – no momento não confirmados – que se sucedem dizem que os terroristas da Al Nusra teriam se apresentado ao padre Hanna exigindo uma espécie de imposto. Depois, teriam roubado documentos e carimbos da paróquia e levado o sacerdote perante o tribunal islâmico da localidade de Darkush, pouco ao norte de Knayeh.