Vale a pena ouvir: "Os homens nos Estados Unidos". Programa de rádio analisa masculinidade no século XXI

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11 Setembro 2014

man-prayingA Rádio Pública Nacional (NPR), dos Estados Unidos, passou o verão produzindo uma série de entrevistas curtas e podcasts que exploram como a mudança do papel do homem e da mulher e a identidade feminina e masculina, ao longo dos últimos 50 anos, têm impactado os homens dos Estados Unidos da América. Intitulado "Men in America" [Os homens nos Estados Unidos], essa série inclui uma variada gama de vinhetas de 2 a 7 minutos que definem a masculinidade no século XXI.

O artigo é de Jeff Sulivan SJ, publicado no sítio Jesuit Post, 27-08-2014. A tradução é de Claudia Sbardelotto.

De acordo com o segmento radiofônico da NPR, "The Modern American Man, Charted" [O homem norte-americano moderno, tabulado], 60% dos estudantes universitários são mulheres, mais mulheres estão adquirindo o título de bacharel do que homens e as meninas, em média, estão ultrapassando os meninos na escola com melhores notas. Em contraste, ele mostra que, atualmente, 75% dos desistentes do ensino médio são do sexo masculino. Outros segmentos têm destacado o declínio dos homens em empregos nas fábricas e empregos de colarinho azul devido a mudanças na tecnologia, economia e o declínio dos sindicatos.

Como resultado da mudança de emprego e educação, a identidade masculina sofreu um 'facelift'. Por exemplo, no programa "Complicated Cars Put A Dent In An Old Father-Son Ritual" [Carros complicados estragam o velho ritual pai-filho] o carro não é mais o símbolo universal da masculinidade norte-americana. Em vez disso, segmentos como "Vegan Men" [Homens Vegan], "Learning to Be a Man, From My Mother" [Aprendendo a ser um homem com a minha mãe], "Today's Married Men Seek a 'Full Partner'" [Os homens casados de hoje procuram uma 'parceira completa'] e "Giving Boys A Bigger Emotional Toolbox" [Dando aos meninos uma caixa de ferramentas emocionais maior] notam que o homem contemporâneo é compassivo, protetor, amoroso e, acima de tudo, sabe expressar suas emoções. Outras entrevistas condenam clichês como "Be a man" [Seja homem], "Real men play through the pain" [Homem de verdade aguenta a dor] e "Man Up" [Seja um homem de verdade]. Em outras palavras, um homem de verdade, no século XXI, é alguém que fala e exibe ternura e transparência - um traço que antes era considerado como uma fraqueza.

Isso levanta outra pergunta para aqueles ligados à Igreja: o que significa ser homem na Igreja norte-americana? Apesar da masculinidade norte-americana estar mudando em direção à compaixão, amizade, inteligência emocional, transparência e outras características, as quais tipicamente podem ser endossadas em uma comunidade de fé, todos, de acadêmicos aos párocos, verificam que a participação masculina é bem menor do que a participação feminina em qualquer igreja em qualquer domingo. A organização religiosa Church for Men oferece as seguintes estatísticas assustadoras:

* Quase 25% das mulheres casadas vão à Igreja sem seus maridos.
* Existem 13 milhões de mulheres a mais do que os homens em qualquer domingo nas igrejas dos EUA.
* Mais de 70% dos meninos que estão indo, hoje, à Igreja, vai abandoná-la durante sua adolescência e nunca mais vai voltar.
* A maioria dos fiéis do sexo masculino com mais de 35 anos não tem um amigo do sexo masculino na Igreja.

Então, o que isso nos diz?

Autores como David Murrow ("Why Men Hate Going to Church" - Por que os homens odeiam ir à Igreja) e Steve Sonderman ("Why Are Men Leaving the Church?" - Por que os homens estão saindo da Igreja?) sugerem que o problema é que as Igrejas norte-americanas vêm adotando uma linguagem feminina e formas de interagir e explorar a espiritualidade do ponto de vista feminino. De acordo com Sonderman, há nove itens que os homens desejam em uma comunidade de fé que eles simplesmente não estão encontrando. Esses itens incluem um desejo de ouvir homilias que falem do trabalho, oportunidades de crescimento, orientação e treinamento de liderança, fraternidade e cura emocional.

Assim, embora os homens contemporâneos estejam crescendo e se tornando homens compassivos, amorosos e transparentes, eles ainda estão à procura de um crescimento espiritual que seja distintamente masculino. O desafio da Igreja contemporânea é como identificar essa qualidade da masculinidade. Se não conseguirmos resolver esse problema em breve, como as escolas secundárias que estão perdendo os indivíduos do sexo masculino por abandono, a Igreja dos EUA, em breve, perderá também seu eleitorado masculino. Parece que as Igrejas dos EUA deveriam estar fazendo algo o mais rapidamente possível para resolver o que significa ser um homem cristão no século XXI.

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