18 Novembro 2015
O Papa Francisco visitou a Comunidade Luterana de Roma na via Sicília.
Uma entrevista com o pastor Jens-Martin Kruse: “Transcorremos uma hora na qual entendemos que hoje já estamos unidos como cristãos. Sabíamos que éramos próximos, que temos tantas coisas em comum. Mas, com o Papa Francisco é uma amizade de coração”.
A entrevista é de Maria Chiara Biagioni, publicada por Serviço Informação Religiosa – SIR, 06-02-2015. A tradução é de Benno Dischinger.
Os rostos radiosos e cheios de alegria de todos aqueles que lotavam a Igreja de via Sicília em Roma, da Comunidade Luterana, expressaram melhor do que qualquer palavra o sentimento dos luteranos pela visita do Pontífice. O encontro transcorreu num clima fraterno, como parte do longo caminho para a unidade dos Cristãos, do qual o diálogo e a prece são duas dimensões essenciais. Particularmente emocionante foi o pensamento dirigido às vítimas dos atentados de Paris com a invocação ao Senhor para que acolha as almas no seu Reino e dê força aos seus familiares. O Pastor Jens-Martin Kruse não consegue conter a emoção: “Foi um encontro caloroso, repleto de alegria, amizade, fraternidade. Ontem à tarde aconteceu um milagre. Faltam as palavras para explica-lo”.
Eis a entrevista.
Tenta explicar-nos porque foi um milagre?
Transcorremos uma hora na qual entendemos todos, na nossa igreja, que verdadeiramente já estamos unidos como cristãos. Sabíamos que éramos vizinhos, que temos tantas coisas em comum. Mas, como o Papa Francisco existe uma amizade de coração. Sentimos estar unidos como cristãos.
O Papa, respondendo ontem à pergunta de uma senhora, disse uma coisa muito importante: já somos unidos no batismo. Há este anelo a viver a unidade já agora também na igreja luterana?
Sim, existe o mesmo desejo e a mesma fé. Esta é uma palavra do apóstolo Paulo: ‘um batismo, uma fé, um Senhor”. Encontra-se isso na carta aos Efésios. E esta é uma palavra fundamental para o ecumenismo. E o Papa Francisco disse ontem: caminhamos juntos sobre este fundamento. Um batismo, uma fé, um Senhor.
O mundo teológico freia o anelo dos cristãos para a unidade. Há alguns nós que impedem a plena comunhão.
Existem os nós e existem os problemas. Nós, como cristãos de uma paróquia, vivemos cada dia este ecumenismo. Ontem o vivenciamos com o Papa. E esta vida é uma grande contribuição também no trabalho dos teólogos. Os teólogos devem realizar sua tarefa, mas nós como cristãos, como fiéis, devemos caminhar em frente, juntos. E isto já o fazemos, também em Roma com os amigos da Igreja católica romana, com os anglicanos, os metodistas, os valdenses, os ortodoxos. Nós o fazemos e estamos no caminho certo, ao meu ver.
Ante as grandes obscuridades que envolvem precisamente nestas horas o mundo, os problemas ecumênicos entre os cristãos parecem quase ridículos. Vocês não experimentam mal-estar por esta desunião?
Sim, e precisamente por esta situação triste, complicada e difícil do mundo, a amizade, a vizinhança e a fraternidade que foram vistas ontem entre os cristãos são um sinal importante. Um sinal de unidade nesta situação tão difícil. Somos vizinhos, caminhamos juntos. Devemos dar um passo em frente porque ante problemas tão grandes, não podemos parar nos nós que nos dividem.
Pode contar-nos a visita do Papa por trás das quintas?
Entramos na nossa sacristia. Minha mulher preparou café, doces, frutas, algo para beber e o Papa aceitou uma torta alemão ao limão. Falamos um pouco e ele contou sobre suas experiências ecumênicas e repetiu por diversas vezes que ele quer caminhar junto conosco neste momento. Havia uma atmosfera muito familiar. Verdadeiramente como irmãos que se reúnem. Foi também um belo encontro de amizade com os bispos e os cardeais presentes. É assim que funciona o ecumenismo.
Os seus filhos também estavam na sacristia?
Sim, também nossos três filhos estavam presentes. E foi o meu filho Julius que fez ao Papa a primeira pergunta. Ele estava muito contente não só por fazer uma pergunta ao Papa, mas ficou muito contente também com a resposta. Hoje de manhã, antes que fosse à escola, revimos as imagens no youtube do encontro. É impressionante como agrada ao Papa fazer o trabalho do pároco. Jamais ouvimos que o Papa faz o trabalho como um pastor. Também com esta afirmação, o Papa abre uma nova página: um bispo em Roma que se sente e quer fazer o trabalho como um pastor que se ocupa com o seu rebanho, de uma comunidade.
Como se sente desde hoje?
Com o Papa Francisco, jamais é como antes. Ele abriu uma porta e agora temos a tarefa de entender o que sucedeu e caminhar com ele em frente, com coragem. Para nós, como pequena comunidade luterana aqui em Roma mudou tanto. Nós estamos repletos de alegria e de gratidão.
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O Papa Francisco visitou a Comunidade Luterana de Roma na via Sicília - Instituto Humanitas Unisinos - IHU