27 Mai 2013
Um conhecido jesuíta ativista da paz, que passou mais de uma década na prisão por ações de protesto não violentas, principalmente em torno de questões nucleares, voltou a ser preso por violação à liberdade condicional.
A reportagem é de Julie Gunter, publicada no sítio National Catholic Reporter, 22-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O padre Steve Kelly, que estava em liberdade condicional desde junho de 2012, após cumprir uma pena de 15 meses por invadir uma indústria de armas nucleares, foi enviado novamente à prisão no dia 20 de maio por um juiz federal.
Kelly, 64 anos, foi transportado do Centro de Detenção SeaTac para o United States District Court, no Distrito Ocidental de Washington, em Tacoma, para cumprir uma pena de 60 dias. Com o tempo de serviço, espera-se que ele se liberado no dia 29 de maio.
Mais de uma dezena de amigos e apoiadores, incluindo os membros da comunidade paroquial de São Leão, de Tacoma, e o seu superior jesuíta, Pe. John Fuchs, participaram da audiência. Alguns também participaram de uma vigília do lado de fora do tribunal uma hora antes do comparecimento de Kelly ao tribunal.
Kelly foi preso no dia 29 de março, Sexta-feira Santa, por bloquear uma estrada do lado de fora da fábrica de mísseis Lockheed Martin, em Sunnyvale, Califórnia. Uma acusação de invasão foi abandonada mais tarde, mas ele foi levado em custódia por um mandado federal extraordinário associado a violações de liberdade condicional.
Kelly estava em liberdade condicional por causa da ação Disarm Now Plowshares de 2009, durante a qual ele e outros quatro ativistas cortaram várias cercas de segurança e acessaram áreas altamente sensíveis da Strategic Weapons Facility, da Marinha dos EUA, no Pacífico, em Bangor, Washington, onde se acredita que mais de 2.300 armas nucleares estejam armazenadas.
Depois de cumprir 15 meses de prisão por essa ação, Kelly foi liberado no dia 21 de junho, e a sua primeira violação à liberdade condicional ocorreu em 72 horas, quando ele não conseguiu contatar o oficial responsável pela sua liberdade condicional. Ele violou a sua liberdade condicional novamente alguns meses depois, quando viajou para Atherton, Califórnia, para o funeral da Ir. Ann Montgomery, das Irmãs do Sagrado Coração, uma antiga ativista e amiga que fizeram parte da ação Disarm Now Plowshares.
No tribunal no dia 20 de maio, Kelly fez um apelo emocional pela abolição das armas nucleares e pela cura das divisões entre as pessoas. Outras testemunhas elogiaram o caráter e o compromisso de Kellycom a paz.
Fuchs dirigiu-se ao juiz em nome de Kelly, dizendo: "O padre Steve Kelly é um dos meus irmãos jesuítas. As nossas Constituições religiosas nos comprometem a trabalhar pela paz e pela justiça no mundo, resistindo a todas as formas de violência e de guerra injusta, seguindo as nossas consciências, independentemente das consequências. Steve está sendo fiel à sua vocação de jesuíta".
"Eu conheço o padre Steve muito bem, tendo-lhe dirigido em uma série de retiros espirituais, e eu posso garantir ao senhor que ele é uma das pessoas mais não violentas, gentis e comprometidas que eu conheço", disse Fuchs. "Eu gostaria que eu e todos nós pudéssemos ser tão corajosos como ele no seguimento ao seu chamado".
Ao longo das últimas duas décadas, Kelly foi preso por cerca de 12 anos, de acordo com o paroquiano da São Leão e amigo Joe Power-Drutis. Kelly geralmente tem sido mantido preso na solitária, porque, por uma questão de consciência, ele se recusa a trabalhar para o Departamento de Prisões dos EUA enquanto está encarcerado.
Kelly discutiu sobre o seu testemunho singular em uma entrevista de 1998 à revista America. "Minha esperança é de que a Igreja realmente se torne uma Igreja de paz", disse.
"Eu sei que o que eu fiz não é o que a maioria das pessoas chamaria de ser uma testemunha eficaz. Eu não espero que a cultura como um todo mude da noite para o dia. As pessoas às quais eu gostaria de ir ao encontro são pessoas de fé e religiosas. Quanto ao que eu vou fazer no futuro, visto que as armas nucleares estão sendo feitas para uso contra seres humanos, eu vou tentar resistir à sua criação".
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Jesuíta ativista antinuclear volta a ser preso por violar liberdade condicional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU