19 Novembro 2012
Uma teóloga protestante que vem da Alemanha Oriental conseguiu em poucos dias agitar ainda mais as águas já turbulentas da política alemã. Katrin Göring-Eckardt, 46 anos, nascida em Friedrichroda, na Turíngia, dois filhos, casada com um pastor, presidente do Sínodo das Igrejas Evangélicas, deputada dos Verdes, foi escolhida nas eleições primárias para liderar o partido nas eleições do próximo outono europeu, juntamente com o ex-ministro Jürgen Trittin.
A reportagem é de Paolo Lepri, publicada no jornal Corriere della Sera, 15-11-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Algumas afinidades de Katrin Göring-Eckardt com o pano de fundo da qual provém a chanceler (filha de um pastor e nascida também na ex-Alemanha Oriental) contribuíram para imaginar um diálogo mais rico de possíveis desdobramentos com os democratas-cristãos de Angela Merkel. A ponto de forçar os social-democratas, que trabalham por um governo vermelho-verde, a alertar contra o "jogo duplo".
E alguma razão eles têm. Um expoente histórico do movimento ecologista como o europarlamentar Daniel Cohn-Bendit, por exemplo, afirmou que um acordo com os cristão-democratas poderia ser "um passo histórico" se a CDU se emancipasse do "barulho populista" dos cristão-socialistas bávaros. Ficção política? Talvez.
Katrin Göring-Eckardt foi definida como "a advogada dos mais pobres". Uma proximidade com o mundo dos últimos inspirada justamente pelos ideais do solidarismo cristão. E se é verdade que os Verdes perderam parte do seu impulso porque foram considerados no fundo um partido como os outros ela tem muitas armas para não parecer, ao invés, um político como os outros. Exatamente porque, como o presidente alemão, Joachim Gauck, ex-pastor e líder da dissidência na RDA, a teóloga ecologista vem de um mundo vital, que deu uma contribuição significativa à história recente e na qual está comprometida com determinação.
A revolução de outubro de 1989 partiu justamente de uma igreja, a Nikolaikirche de Leipzig, onde realizavam-se as "manifestações de segunda-feira", organizadas por um outro pastor protestante, Christian Führer. Uma parte dessas energia não se perdeu, e a Alemanha deve saber aproveitar isso.