Jürgen Moltmann, 95 anos

Jürgen Moltmann | Foto: Riforma

09 Abril 2021

 

Nessa quinta-feira, 8 de abril, um dos maiores teólogos dos séculos XX e XXI, autor da “Teologia da Esperança” , São Paulo: Ed. Loyola, 2005 e A vinda de Deus. Escatologia Cristã. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2003), completou 95 anos de idade.

 

A reportagem é publicada por Riforma, 08-04-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

 

O presidente do Conselho da Igreja Evangélica na Alemanha (Ekd), o bispo Heinrich Bedford-Strohm, felicita o professor Jürgen Moltmann no dia do seu 95º aniversário, nessa quinta-feira, 8 de abril, e presta homenagem à sua obra teológica:

Jürgen Moltmann é um dos teólogos mais importantes do século XX. Ainda hoje, ele transmite as suas ideias e reflexões às novas gerações. Gerações de teólogos em todo o mundo se prepararam para os seus exames com a sua teologia. Muitos deles foram notavelmente influenciados por ele. Eu também me incluo entre eles. A teologia de Moltmann é uma teologia pública da esperança, que une o pessoal e o político. Ele pode escrever tanto sobre a morte e sobre o além de modo substancial e tocante, quanto pode escrever sobre a justiça, a paz e a integridade da criação. Junto com a sua falecida esposa, a teóloga feminista Elisabeth Moltmann-Wendel, ele abriu as portas ao mundo para muitos jovens teólogos.

“Em tudo isso, Jürgen Moltmann sempre permaneceu humano em primeiro lugar. Para mim, ele é um amigo e um companheiro. Agradeço a Deus neste dia pelos 95 anos de bênçãos que deu à vida de Jürgen Moltmann e por todas as bênçãos que derivaram da sua vida para tantas pessoas, entre as quais também posso me incluir.”

 

Moltmann (Foto: Reprodução | DZ)

 

O reitor da Faculdade Valdense de Teologia, pastor Fulvio Ferrario, recordava em um artigo:

“Tendo-se tornado pastor, Moltmann prestou serviço na comunidade de Bremen-Wasserhorst. Os cinco anos de pastorado determinaram a atenção em relação àquela que ele chamou deteologia do povo, isto é, às exigências espirituais das chamadas ‘pessoas comuns’, então particularmente provadas pela guerra e pelas suas consequências. Moltmann costuma frisar que a sua produção teológica posterior permaneceria ligada à experiência pastoral: ele não pertence àquele tipo de teólogo que pretende separar a cátedra do púlpito, o que não é alheio ao fato de os seus escritos estarem entre os textos teológicos mais lidos em absoluto em todo o mundo.

“O trabalho pastoral não o impediu de obter o doutorado em teologia e, em 1958, ele aceitou o cargo de professor da faculdade eclesiástica (ou seja, não pertencente a uma universidade estatal) reformada de Wuppertal. Aí nasceu a obra que o tornaria famoso, a ‘Teologia da Esperança’: um texto audaz e inovador, que, afirma ele, não poderia ter sido escrito no ambiente academicamente mais pretensioso das faculdades estatais.

“Nestes anos, Moltmann se confrontou com a ‘teologia do Antigo Testamento’ de Gerhard Von Rad (1901-1971), Walther Zimmerli (1907-1983), Hans Walter Wolff (1911-1993), Hans-Joachim Kraus (1918-2000) e, naturalmente, com o pensamento de Rudolf Bultmann (1884-1976), então dominante. Mas foi sobretudo no discípulo e crítico de Bultmann, Ernst Käsemann (1906-1998), que ele encontrou as ideias exegéticas fundamentais para a sua obra teológica.

“Segundo Käsemann, a apocalíptica, longe de ser uma excrescência mitológica no campo do anúncio cristão, levanta a pergunta teologicamente decisiva, a do senhorio de Deus neste mundo, sublinhando assim o valor dramaticamente político da escatologia.”

 

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