As dores do parto. Igreja, evangelização e pandemia em debate

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24 Novembro 2020

Os Cadernos Teologia Pública, na sua 148ª edição, apresentam a segunda parte do resultado do projeto editorial intitulado “Igreja e evangelização: provocações da pandemia”, organizado pelo Grupo de Pesquisa “Teologia e Pastoral”do Programa de Pós-Graduação em Teologia da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE).

 

O Grupo reúne pastoralistas, pesquisadores/as e estudantes das Instituições Católicas de ensino e formação em teologia e pastoral de Belo Horizonte: Instituto Santo Tomas de Aquino - ISTA, Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas, Centro Loyola de Espiritualidade, Fé e Cultura. O trabalho surgiu como uma possível ajuda para pensar a pastoral durante e após a pandemia.

 

O projeto foi articulado em torno de três eixos. Cada eixo é, por sua vez, composto de três capítulos.

 

1. “O fim de um mundo?”;

2. “As dores do parto”;

3. “Vinho novo, odres novos”.

 

Igreja e evangelização: provocações da pandemia. Parte II - As dores do parto. Cadernos Teologia Pública Nº 148

 

O segundo eixo, ao qual o/a leitor/a tem acesso neste número dos Cadernos Teologia Pública, tampouco traz um texto com o tema geral ao redor do qual é articulado. No entanto, os capítulos que o compõem apontam para os “aprendizados” da pastoral em tempos de pandemia.

O primeiro capítulo, “A liturgia online: desafios e possibilidades”, do Pe. Vanildo de Paiva (Diocese de Pouso Alegre), reflete sobre a modalidade generalizada das celebrações litúrgicas durante a pandemia, com questionamentos importantes sobre o bom uso das mídias digitais na liturgia.

Segundo Pe. Vanildo, “[...] houve inúmeras modalidades de formação e de cultivo da espiritualidade oferecidos na “rede”. Interessante observar que muita coisa boa foi ofertada em meio a outras com tendência um tanto duvidosa. Mas foi possível chegar a leigos e leigas que normalmente não tinham acesso a uma formação ou mesmo acompanhamento espiritual de qualidade. E são inúmeros os relatos de leigos que dizem que isso foi fundamental para que durante o isolamento social continuassem a manter viva a chama da fé”.

Todavia, “também neste aspecto explicitou-se o vasto lastro da exclusão digital, pois muitos não possuem internet suficientemente boa para sustentar as aulas e outros formatos de formação, ou ainda, não possuem nem mesmo computadores ou celulares que comportem as transmissões”, relata.

O segundo capítulo, “Catequese, a formação cristã e a espiritualidade: novos olhares”, escrito por Débora Regina Pupo, Lucimara Trevizan e Marlene Maria Silva, todas atuando nas coordenações da dimensão bíblico-catequética de regionais da CNBB, discorrem sobre as iniciativas da catequese, da formação de catequistas e da aproximação dos pais durante a pandemia, interrogando-se sobre os aprendizados e sobre o futuro.

Um dos pontos de destaque desta reflexão é a catequese para adultos. Segundo as autoras, “ficou evidente que, durante a pandemia, mais do nunca, é preciso que tenhamos itinerários de educação da fé com adultos, se quisermos uma Igreja adulta e madura na fé, na esperança e na fraternidade”.

A partir da experiência da pandemia, “se torna urgente a formação dos catequistas sobre a catequese na cultura digital. Isto é muito mais do que aprender a utilizar as redes sociais, sites e plataformas digitais na catequese. Trata-se de conhecer as características dessa cultura digital e os ‘nativos’ digitais, que são os atuais catequizandos”, apontam.

O terceiro, “As dioceses e as paróquias não são mais as mesmas”, escrito por Manoel José de Godoy (FAJE), Matheus Bernardes (FAJE/PUC Campinas) e Patriky Batista (Diocese de Luz e CNBB), reflete sobre a estrutura diocesana e paroquial durante e após a pandemia.

“Nesse novo tempo, a Igreja deverá ser não só porta-voz dos clamores da terra, das comunidades e povos originários, mas também a primeira a dar testemunho em suas mais simples decisões. Um bom exemplo pode ser visto no próprio Vaticano, onde não existem mais copos descartáveis e há um novo modo de lidar com o lixo”, relatam os autores.

“Outro bom e necessário fermento para inaugurar um futuro promissor para a Igreja são os movimentos sociais e o diálogo ecumênico, inter-religioso e com os não crentes. Nesse sentido, os movimentos populares apontam como fonte de energia moral capaz de revitalizar nossas democracias em crise”, concluem.

Esperamos também que esses conteúdos sejam úteis para pensar a pastoral hoje.

Os organizadores

A segunda parte de “Igreja e evangelização: provocações da pandemia. Parte II – As dores do parto” pode ser acessada integralmente aqui.

 

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