“A ecologia é a matriz para unir a esquerda hoje”, afirma Daniel Cohn-Bendit

Manifestação de jovens pelo clima, em Berlim. Foto: Joerg Farys | Wikicommons

Mais Lidos

  • Esquizofrenia criativa: o clericalismo perigoso. Artigo de Marcos Aurélio Trindade

    LER MAIS
  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • O primeiro turno das eleições presidenciais resolveu a disputa interna da direita em favor de José Antonio Kast, que, com o apoio das facções radical e moderada (Johannes Kaiser e Evelyn Matthei), inicia com vantagem a corrida para La Moneda, onde enfrentará a candidata de esquerda, Jeannete Jara.

    Significados da curva à direita chilena. Entrevista com Tomás Leighton

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

03 Julho 2020

O ex-deputado ecologista franco-alemão acredita no pragmatismo dos novos prefeitos verdes na França e apoia a guinada ambiental de Macron.

A reportagem é de Marc Bassets, publicada por El País, 02-07-2020.

Daniel Cohn-Bendit ―75 anos, líder da revolta estudantil de maio de 1968, ex-eurodeputado pela Alemanha e pela França, pioneiro na política europeia transnacional― está feliz depois da vitória dos ecologistas nas eleições municipais francesas do domingo. Finalmente, o movimento ao qual está associado há décadas, com suas rupturas e reconciliações, chegou ao poder ―o poder real― em algumas das principais cidades da França.

“Será um choque de pragmatismo. Se você observar a história dos Verdes alemães, corresponde ao momento em que chegaram ao poder primeiro nos municípios e depois na gestão dos länder [Estados federados]”, explicou na segunda-feira em uma entrevista ao EL PAÍS e aos correspondentes da rede de jornais europeus LENA. “A evolução pragmática”, acrescentou, “não significa o abandono do corpus ideológico, mas administrar uma cidade, um land, talvez um país, significa administrar uma sociedade cheia de contradições”.

É a política municipal que colocará à prova a capacidade dos ecologistas franceses ―que tiveram ministros no Governo, mas nem primeiros-ministros nem presidentes― e os tornará credíveis para conquistar objetivos mais altos, como aconteceu com os Die Grünen, os ecologistas alemães, entre a chegada ao poder em cidades e Estados federados a partir dos anos oitenta até o Governo Federal no final dos anos noventa. “Se demonstrarem capacidade de gestão ecológica e pragmática nas cidades, será um trampolim”, vaticinou o veterano ecologista franco-alemão. E lançou uma hipótese, “um sonho completamente louco”: que no segundo turno das eleições presidenciais de 2022, em vez da disputa entre o centrista Emmanuel Macron e a ultradireitista Marine Le Pen, como aconteceu em 2017 e apontam as pesquisas de opinião, os oponentes sejam Macron e um ecologista, o eurodeputado Yannick Jadot, por exemplo, que liderou a lista que ficou em terceiro lugar nas eleições europeias de 2019.

“É preciso entender que não é simplesmente o fato de as grandes cidades agora terem prefeitos verdes, mas que os socialistas que venceram ―em Paris, Rennes e Nantes― o fizeram com um programa muito ecologista. E não é por acaso que o primeiro secretário do Partido Socialista, Olivier Faure, diz que está disposto a apoiar um ecologista nas eleições presidenciais. A matriz hoje que estrutura a reunificação da esquerda é a ecologia política”. Em quem Cohn Bendit votaria diante de tal hipótese, se em Macron ou em seu amigo Jadot, fica no ar. Porque Cohn-Bendit foi Dany, o Vermelho há meio século, e mais tarde Dany, o Verde, mas de alguns anos para cá também é Dany, o Macronista, conselheiro não oficial do presidente da República, uma espécie de tio simpático e resmungão.

“Eu me dou bem com os dois. Mas primeiro será necessário ver se os ecologistas estão à altura das esperanças e abandonam as pequenas guerras internas para decidir quem será seu candidato nas eleições presidenciais”, disse Cohn-Bendit, que comemorou o discurso que Macron pronunciou na segunda-feira para apresentar a agenda de meio ambiente. “Se parece enormemente com o programa dos ecologistas.”

Leia mais