“A beleza infindável de Roma exaltou a oração do papa”

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30 Março 2020

Mais de oito milhões de espectadores: também em termos de ouvintes, a oração do Papa Francisco na Praça São Pedro deserta, transmitida ao vivo no canal Rai1, representou um evento memorável.

A entrevista é de Glora Satta, publicada por Il Messaggero, 29-03-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Entre os italianos colados à tela, estava a diretora Liliana Cavani, 87 anos, intelectual laica, mas que dedicou nada menos do que três filmes (em 1966, 1989 e 2014) a São Francisco de Assis e continua a investigar os temas da espiritualidade.

Eis a entrevista.

Esperava que tantas pessoas acompanhassem a oração do papa?

Não fiquei surpresa, porque foi um evento cheio de intensidade e de significados profundos. Eu mesma, que havia decidido assistir apenas a uma parte da cerimônia, fiquei na frente da tela até o fim.

O que a impressionou em particular?

A essencialidade do rito expressada pelos gestos do papa, pelas suas palavras, pelos objetos na cena. E também digo isso como cineasta... Essa oração foi tão intensa a ponto de levar o cérebro das pessoas, até dos não crentes, a se concentrarem no que estava acontecendo.

Na sua opinião, que imagem emergiu do Papa Francisco?

Bergoglio reiterou o elemento fundador da sua missão pastoral: a fraternitas que nos torna todos iguais. E, depois de ter caminhado cansado e mancando em uma Via del Corso deserta, ele parecia ainda mais humano.

(Foto: Il Sismografo)

As imagens da oração na Praça São Pedro, repercutidas em todo o mundo, restituem a Roma a sua centralidade histórica?

Sem dúvida alguma, é uma das primeiras coisas que me vieram à mente olhando para a beleza infindável da cidade. Eu pensei nos tesouros que ela esconde, nos milhares de artistas que ao longo dos séculos a escolheram para expressar a sua criatividade e a sua inteligência. E em quanta história da Europa está contida em Roma.

Esse evento epocal ajudará a capital italiana a se reerguer?

Certamente. Espero um esforço de orgulho por parte do governo, para que as coisas funcionem e a cidade volte a ser um exemplo. Milão se orgulha dos resultados alcançados, mas Roma é única, é a maior cidade antiga do mundo. Mas não explora o seu potencial.

O papa disse que ninguém se salva sozinho: quem deveria ouvir as palavras dele?

A Europa, acima de tudo. É como uma família grande, composta por culturas diferentes e, neste momento terrível, não pode perder de vista a solidariedade e a coesão. Cada Estado, separado dos outros, não conta para nada. Juntos, somos todos mais fortes.

Acredita que a oração do papa enviou uma mensagem de esperança ao mundo abalado pelo coronavírus?

Sim, e muito forte. Eu percebi isso no Cristo sofredor, outro protagonista da cerimônia. É como se ele tivesse dito ao mundo: “Estou morrendo no lugar de vocês, não se preocupem, não vou lhes abandonar”.

A emergência global relança a importância da religião?

Não era preciso uma calamidade. Na história da humanidade, o sagrado sempre desempenhou um papel importante, reconectando a experiência terrena a algo maior.

E qual é o papel dos intelectuais neste momento?

Eles devem abandonar o narcisismo para se tornar um estímulo para interpretar melhor as necessidades do presente e do futuro. E devem reiterar a importância da cultura, começando pela escola: é o coração da nação.

 

 

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