Desfeita ao Papa Francisco: Bolsonaro não vai a Roma para a primeira santa brasileira

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14 Outubro 2019

Segundo a mídia sul-americana, o presidente brasileiro não quer se encontrar cara a cara com o pontífice.

A reportagem é de Maria Antonietta Calabrò, publicada por L’HuffingtonPost.it, 10-10-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, desistiu. No próximo domingo, 13 de outubro, ele não participará da canonização em São Pedro da primeira santa brasileira, a Irmã Dulce, santa dos pobres. Ele comunicou isso ao Vaticano e, nessa quarta-feira, 9, cancelou também a sua participação na missa que será realizada no dia 20 de outubro em Salvador da Bahia, portanto no Brasil, para a nova santa que havia sido declarada bem-aventurada há muitos anos por João Paulo II e que construiu uma enorme obra de assistência médica em favor dos deserdados.

Bolsonaro havia prometido há três meses ao arcebispo da Bahia, Murilo Krieger, que estaria presente no evento religioso que ocorrerá no estádio Fonte Nova, em Salvador, uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Mas ele deve partir para o Japão.

Um tapa duplo na cara do Papa Francisco. Considerando-se também que o Brasil é o primeiro país do mundo em termos de presença de católicos, que, de acordo com uma pesquisa publicada justamente nessa quarta-feira, 9, não aprovam (com uma maioria de 58%) o seu trabalho.

Já para 85% dos católicos brasileiros, a Amazônia é vital para reduzir os efeitos do aquecimento global (dados de uma pesquisa nacional realizada pelo Movimento Católico Global em conjunto com o Climate and Society Institute, que mostram uma substancial adesão às indicações do Papa Francisco).

Para fazer um paralelo – e notar a diferença – o príncipe de Gales, o príncipe herdeiro inglês, o mais alto expoente da Casa Real (já que a rainha Elizabeth, por motivos de idade, não viaja mais para o exterior), irá a Roma para a canonização (também nesse domingo) do primeiro cidadão britânico após três séculos, o cardeal John Henry Newman.

Oficialmente, para Bolsonaro, trata-se de motivos de agenda (como a embaixada do Brasil junto à Santa Sé tentou explicar – depois do porta-voz da presidência – ao HuffPost), mas, na realidade, como ressaltaram os jornais brasileiros nos últimos dias, o verdadeiro motivo é que Bolsonaro (soberanista, aliado na América do Sul do presidente dos EUA, Donald Trump, e, na Itália, do líder da Liga, Matteo Salvini) não quer ficar cara a cara com o pontífice (como ocorre ao término da cerimônia, quando há a saudação às delegações oficiais).

Nos últimos dias, o Papa Francisco – precisamente durante a abertura do Sínodo dedicado à região pan-amazônica – também continuou condenando a exploração da Amazônia.

Bolsonaro enviará o vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Senadores, deputados e magistrados brasileiros participarão do evento no Vaticano, mas a lista não foi fornecida (como anunciou hoje a Secretaria Geral da Câmara) “para não criar pressão sobre eles”.

Segundo o jornal Página/12, Bolsonaro classificou o Sínodo da Amazônia como um problema de segurança nacional, e quem dele participa foi submetido a investigações da Agência Brasileira de Inteligência.

Bolsonaro “classificou” o encontro vaticano como uma questão que ameaça a soberania do país, uma preocupação que ele expressou publicamente quando falou há algumas semanas perante a Assembleia Geral das Nações Unidas.

“Do ponto de vista dele, catequistas, indígenas, ONGs e camponeses sem-terra fariam parte de uma conspiração criada pelo Papa Francisco”, relata o Página/12.

“É absurdo afirmar que o Sínodo ameaça a soberania”, declarou o bispo emérito do Xingu, Estado do Pará, Erwin Kräutler (...) em uma entrevista publicada nessa segunda-feira pelo jornal Folha de S.Paulo.

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