Congresso inédito no Brasil debaterá espaço dos LGBTI+ nas igrejas

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07 Mai 2019

Desde de junho do ano passado, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil realiza casamentos de pessoas do mesmo gênero. Um ano após a decisão histórica – considerada um marco na luta por representatividade nos espaços religiosos –, acontece em São Paulo o 1º Congresso Igrejas e Comunidade LGBTI+, na paróquia da Santíssima Trindade, da Igreja Anglicana, entre os dias 19 e 23 de junho.

A reportagem é de Juca Guimarães, publicada por Brasil de Fato, 06-05-2019.

O encontro vai reunir religiosos, pesquisadores, políticos e leigos em mesas e oficinas para discutir as relações de fé, diversidade e orientação sexual sob óticas variadas como saúde, relacionamento, Previdência Social e inclusão.

“É um Congresso para troca, para diálogo, para novos aprendizados, para análise conjuntural e para o fortalecimento de rede de apoio entre igrejas na perspectivas de serem acolhedores que promulgam a fé com respeito e compromisso com a laicidade do Estado”, disse Valéria Vilhena, do coletivo Evangélicas pela Igualdade de Gênero (EIG).

Já o pastor Átila Augusto, da Igreja Neopentecostal Comunidade Cristã Nova Esperança da Vila Mariana, destaca a importância da abertura de diálogo que o congresso propõe diante de um cenário mais conservador da política e da sociedade.

“A igreja é o reflexo da sociedade, no sentido que, dentro da igreja, tem todos os tipos de pessoas. O Brasil continua sendo homofóbico, preconceituoso e que não progrediu como a gente pensou que tinha progredido. Tudo isso vai para dentro da igreja. Os assuntos que serão tratados no Congresso têm a função de quebrar paradigmas e de auxiliar na ponte, na possibilidade dessa família que vai na igreja e que tem um filho gay, negro, anão ou índio – pessoas que estão à margem – poder discutir com mais facilidade esses assuntos”, disse o pastor. 

Membro da recém-criada Comissão Regional para o Diálogo com a Diversidade, o leigo católico Edelson Soler, do grupo de ação pastoral da diversidade, acredita que o congresso vai ressaltar o protagonismo da comunidade LGBTI+  na luta pela inclusão.

“As igrejas têm se preocupado com a questão da inclusão exatamente porque essas pessoas querem ser cristãos oficialmente. Elas não se afastaram da igreja mesmo com toda a repressão que a igreja tem feito historicamente aos grupos LGBTI+”, disse.

Para financiar a Congresso e patrocinar bolsas para participantes que não têm condições de pagar, mas possuem interesse pelo tema, as inscrições custam R$ 50. Também foi criado um fórum de ajuda virtual pela internet. O evento termina com o desfile de um bloco de religiosos durante a Parada Gay, no domingo, dia 23.

Entrevista com o reverendo anglicano Arthur Cavalcante, da paróquia Santíssima Trindade, onde será realizado o congresso.

Eis a entrevista.

Por que o senhor fala em tomar a temática em relação ao congresso?

Se fala como se fossem excludentes, a igreja e [a população] LGBTI+. Como se estivessem em campos opostos, mas não estão. A pessoa LGBTI+ pode ter ou não uma questão religiosa presente. E, por outro lado, a igreja pode ter ou não pessoas LGBTI+, ou seja, ambos estão presentes na temática. A gente quer conversar, quer dialogar com o membro de igreja mesmo, aquele que senta lá no banco, que vai para a missa, que vai para o culto. E esses assuntos são difíceis de serem tratados.

Com o corte de verbas do governo federal, deve diminuir a produção acadêmica de estudos sobre religião e diversidade, isso preocupa?

A universidade tem uma função importante de trazer esses temas e discuti-los e, ao mesmo tempo, trazer isso da academia para a sociedade. O papel da universidade é imprescindível. Eu lamento a perda de investimentos nas universidades federais. Principalmente nos espaços que trabalham as questões da sociedade.

Como se dá o diálogo e os avanços sobre orientação sexual nas igrejas?

A gente não pode deixar de ressaltar o trabalho de comunidades de resistência que foram formadas a partir da exclusão das comunidades tradicionais de igrejas. As igrejas inclusivas e as igrejas afirmativas vêm com uma força de resistência nesse processo. Elas têm um papel importante em tudo isso. As igrejas tradicionais têm dificuldade de dialogar, algumas não vão dialogar de jeito nenhum, mas tem outras que começam a discutir o assunto. Um assunto que envolve o seu fiel e que tem um perfil LGBTI+. Esse é um processo que mexe com toda a igreja, com a liderança, com a juventude, toda a vida da igreja. A igreja católica tem a sua discussão interna, a igreja anglicana, da qual eu faço parte, recentemente discutiu a questão do casamento LGBTI+ e foi aprovado. São temas que sempre vão desafiar a vida das pessoas LGBTI e espaços religiosos.

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