Chile. Prisão do ex-chanceler do arcebispado de Santiago envolve suposto crime do cardeal Ezzati

Mais Lidos

  • “A destruição das florestas não se deve apenas ao que comemos, mas também ao que vestimos”. Entrevista com Rubens Carvalho

    LER MAIS
  • Povos Indígenas em debate no IHU. Do extermínio à resistência!

    LER MAIS
  • “Quanto sangue palestino deve fluir para lavar a sua culpa pelo Holocausto?”, questiona Varoufakis

    LER MAIS

Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

16 Julho 2018

Durante anos, o Pe. Muñoz Toledo recebeu e protocolou denúncias por abusos e estupros de menores que o apontavam como autor, mas, sendo o escrivão do arcebispado, ele arquivava e escondia tudo. Onde estavam os seus superiores?

A reportagem é de Il Sismografo, 13-07-2018. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

A prisão do presbítero chileno Oscar Muñoz Toledo, na quinta-feira passada, a primeira prisão de um sacerdote nos inúmeros casos de abuso sexual na Igreja nos últimos anos, poderia criar muitos problemas jurídicos para o cardeal Ricardo Ezzati, atual arcebispo de Santiago do Chile, à frente da diocese em regime de prorrogação (ele já tem 76 anos e meio de idade), e talvez entre aqueles que em breve deixarão o cargo.

O purpurado poderia ser arrastado perante os juízes com uma acusação muito pesada e grave: ter exercido sua autoridade eclesiástica para ocultar e encobrir diversas denúncias de abuso sexual por parte de membros do clero.

A questão, em primeiro lugar, diz respeito à relação entre o arcebispo Ezzati e o Pe. Oscar Muñoz Toledo, até janeiro passado chanceler (isto é, “escrivão”) da arquidiocese da capital chilena, qualidade na qual, entre outras coisas, ouviu e oficializou declarações contra o sacerdote Fernando Karadima por parte de uma das vítimas mais conhecidas: o filósofo e escritor Andrés Murillo.

De acordo com o que o cardeal Ezzati publicou em maio passado no site da diocese, o Pe. Muñoz Toledo, no início do ano, havia denunciado a si mesmo por abusos sexuais de menores. Obviamente, dizia o comunicado, o padre foi imediatamente afastado e suspenso do exercício público do ministério sacerdotal.

Em junho passado, o procurador de O’Higgins, Emiliano Arias, que está investigando esse caso, mas não porque tenha havido uma denúncia da hierarquia, ordenou duas investigações importantes: uma nos escritórios do ex-chanceler no palácio arquiepiscopal de Santiago e outra na sede da diocese da cidade de Rancagua (região de O’Higgins).

Nos dois casos, a polícia levou consigo muitos documentos importantes, hoje na base da ordem que permitiu a prisão do sacerdote. No caso da investigação de Santiago, vieram à tona denúncias contra o ex-chanceler, concretamente sete casos de abuso e estupro de crianças e adolescentes de 11 a 17 anos no período de 2002 a 2018, mas eram denúncias escondidas e acobertadas pelo próprio chanceler (pessoa acusada e, ao mesmo tempo, pessoa encarregada de guardar as acusações contra ele e iniciar as investigações).

A procuradoria que investiga, considera que nada disso poderia ter sido feito sem o conhecimento e o consentimento do cardeal Ezzati, superior direto do sacerdote, e, portanto, agora estuda a fundo os documentos para tomar uma decisão que poderia ser surpreendente.

O procurador Arias, falando com os jornalistas, revelou inúmeros detalhes que destacam a delicadeza do caso. Ele disse que alguns abusos e estupros foram cometidos até mesmo com violência física, e que é evidente que o padre, em todas as suas ações, abusava ferozmente do seu poder ministerial, inclusive da sua qualidade de confessor, e conseguia controlar ou dominar a consciência das vítimas.

Esses abusos, inúmeros no caso de cada uma das vítimas, ocorriam regularmente em lugares como igrejas, casas paroquiais ou sedes eclesiásticas, assim como em casas particulares, às quais o sacerdote tinha acesso porque era considerado um homem sério, honesto e respeitável. Nas casas particulares, ele se apresentava com a desculpa de dar assistência espiritual à vítima, talvez por estar doente.

O procurador Arias disse que o padre, no fim do processo, se não houver reviravoltas, poderá enfrentar uma condenação de 10 a 15 anos de prisão. Ele acrescentou que uma pena pesada também é esperada por todos aqueles em relação aos quais ficar comprovado que encobriram, ocultaram ou acobertaram.

O cardeal Ezzati, neste momento, por meio de uma declaração pública, expressou solidariedade, proximidade e participação às vítimas e aos seus familiares, e, ao mesmo tempo, renovou sua total disponibilidade pessoal e da Igreja local para colaborar com a Justiça em cada momento e em tudo o que for necessário.

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Chile. Prisão do ex-chanceler do arcebispado de Santiago envolve suposto crime do cardeal Ezzati - Instituto Humanitas Unisinos - IHU