Papa garante aos jovens que eles não serão negligenciados

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21 Março 2018

'Muitas vezes falamos dos jovens sem perguntar o que eles pensam'.

O Papa Francisco garantiu que os jovens vão ser ouvidos e pediu que não tenham medo de se expressar.

A informação é publicada por La Croix International, 20-03-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.

"Não fiquem com vergonha, vocês precisam falar abertamente", disse o Papa Francisco a cerca de 300 jovens adultos, em 19 de março, ao abrir um encontro de uma semana em preparação para o Sínodo dos Bispos de outubro, cujo tema é "os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

"Eu digo o que sinto, e se alguém se sente ofendido, peço perdão e sigo em frente. Falem com humildade”, disse o Papa.

"Se alguém que eu não gosto fala alguma coisa, tenho que escutar com cuidado ainda maior; todos têm o direito de ser ouvidos, assim como todos têm o direito de falar", afirmou.

“Muitas vezes falamos dos jovens sem perguntar o que eles pensam”, declarou.

"Em tempos difíceis, o Senhor faz a história se desenrolar através dos jovens", disse o Papa Francisco, mencionando a história de Samuel da Bíblia.

"Naquela época, as pessoas não eram acostumadas a ouvir a voz de Deus: estavam desorientadas, foi um jovem que abriu essa porta. Os jovens não têm vergonha", disse.

Os jovens "têm mais força para rir e também para chorar", afirmou. "Por favor, tenham coragem neste período, falem o que pensam."

"Eu vos convido, esta semana, para se expressarem livre e honestamente”, disse Francisco.

"Mais uma vez eu vos digo: tenham coragem de falar... Vocês são os protagonistas, e é importante que falem abertamente... Garanto que sua contribuição será levada a sério", disse ele.

O Papa Francisco disse que leu alguns e-mails sobre o questionário publicado on-line pela Secretaria do Sínodo e ficou chocado pelas respostas de muitos jovens. "A Igreja precisa aprender novas formas de estar presente e próxima", disse.

A maioria dos jovens reunida, disse o Papa em Roma, foi escolhida pelas conferências episcopais de cada país para ser delegado. Alguns eram representantes de vários movimentos católicos. O Vaticano também convidou representantes de outras igrejas cristãs, outras religiões e jovens que se dizem não crentes.

O Papa Francisco passou a manhã com os jovens e ouviu dez deles diretamente, representando cada região do mundo.

Ele respondeu a perguntas sobre os problemas enfrentados pela juventude do mundo todo, de escolhas de vida às tatuagens, passando pelo tráfico de seres humanos.

Veja a seguir um pouco do que ele disse em relação a essas questões.

Tráfico de seres humanos

Surgiu de uma nigeriana resgatada da prostituição forçada na Itália uma pergunta sobre o que a Igreja poderia fazer para aumentar a consciência do tráfico de seres humanos e se a Igreja, que "ainda é muito machista", é realmente capaz de ajudar. O Papa disse, categoricamente: "quem vai a uma prostituta é um criminoso, um criminoso".

E acrescentou: "isso não é fazer amor. É torturar uma mulher. Não vamos confundir as coisas. Isso é crime."

"A prostituição é um problema sério", disse o Papa aos jovens. Ela decorre da seguinte mentalidade: "as mulheres existem para ser exploradas... Essa é uma batalha em que peço que vocês, jovens, travem, pela dignidade das mulheres", disse.

Tatuagens

"Não tenham medo de fazer tatuagem", disse o Papa Francisco, acrescentando que, durante séculos, cristãos da Eritreia e outros faziam tatuagens da cruz.

"Claro, pode haver exageros", disse. Mas uma tatuagem "é um sinal de pertença" e perguntar sobre as tatuagens de alguém pode ser um ótimo início de diálogo e, a partir daí, "é possível se aproximar da cultura dos jovens".

Sobre a existência de Deus

Quando perguntado sobre o sentido da vida e a relação com o mundo e com Deus, se Deus existe, o Papa disse: "o perigo é não permitir que esta pergunta surja".

Os jovens devem ter "a coragem ser totalmente verdadeiros” sobre suas esperanças e fraquezas, disse o Papa. Por isso, precisam encontrar uma pessoa sábia — alguém paciente, "que não se assuste com nada” — com quem possam conversar através de suas perguntas.

O Papa advertiu que quando os jovens não conseguem encontrar o "caminho do discernimento", correm o risco de se fechar.

Isso pode se tornar um "câncer" por dentro, disse. E corre-se o risco de oprimi-los e tirar sua liberdade.

Questão de identidade

Quando disseram ao Papa que os jovens querem debater sexualidade, atração por pessoas do mesmo sexo e o papel das mulheres na Igreja, pois com a influência das redes sociais é difícil saber a quem ouvir e "que caminho tomar, já pode se tomar quase qualquer caminho”, ele falou da necessidade de uma educação que ensine três línguas básicas: da cabeça, do coração e das mãos.

A língua da cabeça, disse, significa saber pensar e aprender coisas concretas. A do coração significa entender sentimentos. A das mãos refere-se a usar os dons que Deus nos deu para criar coisas novas.

A chave, afirmou, é usar as três juntas. O Papa Francisco criticou o que chamou de “natureza do isolamento" da era digital atual, mas disse que a tecnologia moderna deve ser usada com uma "concretude que traga liberdade".

 

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