Theobald: gênese de uma teologia

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24 Junho 2017

Com a publicação de Spirito di Santità (Espírito de Santidade, em tradução livre) a EDB propõe ao leitor italiano os desenvolvimentos sistemáticos da reconfiguração da teologia e da fé que Christoph Theobald havia esboçado programaticamente em seus dois volumes sobre o Cristianismo como estilo.

O comentário é do teólogo italiano Marcello Neri, professor da Universidade de Flensburg, na Alemanha, em artigo publicado por Settimana News, 20-06-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.


Christoph Theobald, Spirito di Santità. Genesi di una
teologia sistematica, série "Nuovi saggi teologici”, EDB,
Bologna, 2017, pp. 528

No conjunto, o autor passa de uma abordagem diagnóstica necessária para definir o quadro de um novo posicionamento do cristianismo no contexto da nossa cultura europeia contemporânea, a outra destinada a definir um movimento de geração de uma abrangente teologia sistemática da fé. Gênese que nasce do escoramento do cristianismo na história real das experiências humanas, que encaminham para o delineamento de uma sua nova inteligência, em virtude de que “as condições para a sua elaboração mudaram efetivamente de maneira considerável".

Percebe-se imediatamente como as mutações contextuais em que o homem e a fé cristã vivem concretamente requerem necessariamente um novo e diferente movimento de geração do próprio texto teológico. Isso não significa renunciar de uma normatividade eclesial, mas pedir uma revisão das condições para a sua efetiva implementação. A dogmática separada da teologia fundamental, de fato, representa uma espécie de relíquia do passado, que herdamos de uma época que já chegou ao fim. Isso prejudica a capacidade de ser eficaz no plano do debate público, por um lado, e de sua plausibilidade para a própria vivência dos crentes - que vivem no mesmo espaço social e cultural de qualquer outro cidadão europeu de hoje.

Os passos que levam à elaboração de uma teologia sistemática, que ultrapasse essa dicotomia moderna do saber da fé, são gerados pela "consideração dos receptores do Evangelho dentro da sua posição histórica e cultural e, consequentemente, pela afirmação da mesma relacionalidade do mistério cristão".

A obra está dividida em três seções principais. A primeira ("Um terreno fértil: a teologia do século XX"), acompanha alguns eventos principais da história teológica do século XX, capazes de sugerir aberturas inéditas sobre o contemporâneo, se forem apreendidos em algumas de suas intuições e questões que parecem já terem os contornos de um encaminhamento para uma temporada nova e diferente. A segunda ("Novos caminhos") recolhe algumas temáticas fundamentais sobre as quais Theobald trabalha há algum tempo, e que neste último volume alcançam seu pleno amadurecimento. A terceira ("Elementos de uma composição”) procura delinear as principais coordenadas de uma teologia sistemática católica que, como um todo, ainda está em condição inicial - aquela mais fecunda e incerta, em que mais do que delinear a figura acabada de um sistema, trata-se de exercitar uma liberdade experimental da inteligência teológica capaz de interceptar as articulações mais essenciais de uma presença eclesial de fé no contemporâneo. Nessa última seção emerge claramente a intenção de Theobald de concentrar a passagem sistemática da teologia católica em torno da figura neotestamentária do Reino de Deus. Ponto de virada de uma excedência que se insere nas tramas comuns da sociabilidade humana, que conhece uma condição de indubitável fragilidade e involução.

Theobald oferece aos leitores italianos um volume de qualidade garantida, marcado pela seriedade teológica e pela sensibilidade humana que caracterizam toda a sua obra teológica. Um texto para ser lido com espírito aberto e atento, sobre o qual será necessário voltar com maior profundidade, para abrir um debate crítico sobre a proposta que ele oferece para um repensar profundo da teologia, e de sua estruturação, no debate cultural do nosso tempo.

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