22 Mai 2017
Nem a chuva que caiu sobre São Paulo foi suficiente para diminuir a participação nos atos pela saída de Temer e a realização de eleições diretas. Povo foi às ruas em todo o país.

Só na avenida Paulista, em São Paulo, mais de 20 mil foram caminhar pela saída de Temer e eleições gerais diretas. Foto: Paulo Pinto. Fonte: RBA.
A reportagem é publicada por Rede Brasil Atual - RBA, 21-05-2017.
A chuva forte e insistente que caiu durante todo o dia de hoje (21) na capital paulista foi oposição vencida nesse domingo de atos para exigir a saída do presidente Michel Temer (PMDB), a realização de eleições diretas já e rechaçar as propostas de reformas trabalhistas e da Previdência defendidas pelo Palácio do Planalto e pelo empresariado, além de setores da mídia.
Só na avenida Paulista, mais de 20 mil pessoas compareceram ao ato convocado pelas pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, integradas com centrais sindicais e o apoio de quase uma centena de movimentos sociais.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, destacou a união de milhares de jovens, homens, mulheres, no campo e nas cidades, indo às ruas para reivindicar Diretas Já e a imediata retirada das propostas de reforma da Previdência e reforma trabalhista.
Freitas destacou o papel da Globo no episódio da delação de empresários da JBS, na qual Temer está diretamente envolvido.
“Por que vocês acham que a famigerada Globo quer tirar o Temer? Porque ela botou o Temer. Quem botou, acha que tem o direito de tirar. Vocês acham que a Globo tem interesse de defender o direito dos trabalhadores? O que a Globo quer é tirar o Temer porque ele não consegue entregar o produto, não consegue fazer as reformas. Querem tirar o Temer e, de maneira indireta, colocar outro golpista igual a ele para fazer as reformas, para acabar com a sua aposentadoria, com a sua carteira assinada e destruir o Brasil.”
O dirigente ressaltou ainda que os trabalhadores não vão aceitar desrespeito. "O povo quer votar. O povo brasileiro é o dono deste país. Não é a Globo. Queremos votar para presidente, para deputado, para senador. Fica claro que a população brasileira não aceita também as reformas.”
O coordenador da Central de Movimentos Populares e da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, destacou mais uma tentativa em curso de "rasgar a Constituição". “Eles agora estão com o argumento de que não pode alterar a Constituição. Ora, para rasgar a Constituição Brasileira e dar um golpe na presidenta Dilma, eles fizeram. Para retirar direitos trabalhistas e alterar a CLT, eles rasgam a Constituição. Para aprovar a reforma da Previdência, eles rasgam a Constituição. Então alterem a Constituição para dar direito ao povo de escolher o presidente da República”, disse.
Bonfim ainda mandou recado para os setores conservadores. "Eles querem eleições indiretas para acabar com nossos direitos, nossa aposentadoria. A direita está dividida, mas unida para acabar com nossos direitos. Eles que coloquem as barbas de molho porque o povo está unido por Diretas Já. Não vamos aceitar nenhuma saída que não seja pelo povo em eleições diretas, livres e democráticas."
O coordenador geral do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse que jamais imaginou ver o governo Temer ruir em prazo tão curto. “Não esperávamos que é apenas um ano esse golpe desse tantos frutos. Pensamos que veríamos a verdade nos livros de história, mas em um ano o golpe ruiu e o governo Temer está em ruínas. Agora, este governo que já não tinha legitimidade, perdeu a condição política de governar. É engraçado ver Temer na TV falando em conspiração. Logo ele que conspirou nos corredores de Brasília. Não tem moral nenhuma para isso.”
O senador Humberto Costa (PT-PE) destacou a necessidade de engajamento na luta pela saída imediata de Michel Temer. “Por que em breve a crise econômica vai se agravar no país. Nosso compromisso é com a saída de Temer e a chamada de eleições diretas. Precisamos aprovar emendas com essa previsão. Precisamos deixar claro também um novo projeto para que o novo governo revogue as reformas contra os trabalhadores.”
Pelo Brasil
Ao longo do dia, o povo foi às ruas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Belém, Natal, Porto Alegre, Teresina, Salvador e entre outras cidades.
Na capital mineira, a manifestação começou pela manhã na praça da Liberdade, região central da cidade. De acordo com a organização, cerca de 50 mil pessoas. Além de pedir a saída do presidente, os participantes, que caminharam até a praça Sete de Setembro, também ressaltaram o envolvimento de Aécio Neves (PSDB-MG). O senador mineiro é acusado de receber propina da empresa JBS, que seria utilizada para o pagamento da sua defesa das acusações na Lava Jato. Houve atos ainda nas cidades de Juiz de Fora e Uberlândia e Ipatinga.
Na capital federal, cerca de 500 pessoas, entre trabalhadores, militantes e representantes de movimentos sociais, se concentraram próximo ao Museu da República, para exigir a participação da população na escolha do substituto do presidente, após a divulgação das denúncias envolvendo a JBS, que levou o Supremo Tribunal Federal a abrir inquérito contra Temer por suspeita de cometimento de três crimes.
"Não me venham com indiretas. Respeitem o povo brasileiro", afirmou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), que participou do ato em Brasília. Para ela destacou, a permanência de Temer na presidência é um menosprezo ao país. Ela ainda afirmou que as reformas pretendidas vão acabar com os direitos dos trabalhadores e também com a economia do país. Segundo a deputada, é preciso "recompor o pacto democrático", que só pode se dar com a realização de eleições direitas, após a saída de Temer.
Também pela manhã, cerca de 2 mil pessoas ocuparam as ruas do centro de Natal, no Rio Grande do Norte, e se manifestaram contra os cortes nas aposentadorias e nos direitos trabalhistas propostos pelo atual governo. Na região centro-oeste, manifestantes também foram às ruas pelas diretas já, em Cuiabá, no Mato Grosso, Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, e também em Goiânia, capital do estado de Goiás.
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Fora Temer e Diretas Já marcam jornada de protestos neste domingo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU