Dom Angelo Becciu: “Os cartazes? O papa riu deles”

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11 Fevereiro 2017

“Os cartazes? O papa riu deles, ele gostou do dialeto romano.” A afirmação, com a sua costumeira franqueza que o caracteriza, é Dom Giovanni Angelo Becciu, sostituto da Secretaria de Estado vaticana, comentando o caso dos pôsteres afixados em toda a Roma, que criticavam a “pouca” misericórdia do pontífice. Acima de tudo em relação à Ordem de Malta, envolvida há semanas em uma disputa com a Santa Sé, na qual o papa decidiu nomear, primeiro, uma comissão para investigar o obscuro procedimento que levou à defenestração do Grão-Chanceler Albrecht von Boeselager, e, depois, um delegado pontifício para monitorar a situação depois da renúncia do Grão-Mestre Matthew Festing, defensor da demissão, junto com o patrono, o cardeal Raymond Burke.

A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada no sítio Vatican Insider, 09-02-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O delegado papal em questão é o próprio Dom Becciu, nomeado no último sábado, 4 de fevereiro, com uma carta do pontífice. Sobre esse novo e delicado encargo, o bispo da Sardenha falou com o Vatican Insider, que o encontrou em São João de Latrão, às margens da celebração pelos 49 anos da Comunidade de Santo Egídio.

“A minha tarefa na Ordem já está escrita na carta que o papa me enviou”, explica, “ou seja, tentar ajudar os Cavaleiros de Malta a encontrarem as suas origens e o seu apego à Igreja e a serem fiéis ao mandato da Ordem, tendo em mente as duas frases do lema: custódia da fé e proteção dos pobres.”

O sostituto diz que ainda não está claro o que aconteceu nos últimos meses durante o tumulto ocorrido entre a Ordem e o Vaticano (e entre os próprios membros do órgão). “Ainda devo descobrir tudo, recém-comecei. Falaremos sobre isso em alguns meses”, respondeu.

Mas de uma coisa ele está certo: “O papa segue em frente em relação a tudo”. Embora também haja dentro da barca de Pedro “aqueles que remam contra”, como o próprio pontífice admitiu na Audiência dessa quinta-feira à revista La Civiltà Cattolica. “Sempre houve remadores contrários na Igreja, desde os tempos de Jesus Cristo. Não é uma novidade...”, afirma Becciu. “O Santo Padre, contudo, segue em frente, tem uma grande serenidade, mesmo ao prosseguir a sua reforma, e dá coragem a todos nós.”

Sobre coragem, o prelado também falou na sua homilia na Basílica Lateranense pelo aniversário do nascimento da Comunidade Santo Egídio. Uma coragem que caracterizou desde o início os fundadores da Comunidade, “um grupo de estudantes secundários que, em vez de projetar um futuro pensando exclusivamente no sucesso e na carreira profissional, decidiu dar origem a uma escola popular para as crianças marginalizadas das favelas romanas, deixando-se interpelar pelas audazes exigências do Evangelho”.

A mesma coragem é necessária hoje a todos os membros e os voluntários para levar em frente a sua missão com os corredores humanitários para os refugiados, com a assistência aos pobres e o diálogo inter-religioso. Eles são chamados a “ir a todas as periferias, onde há conflitos, onde as pessoas não são reconhecidas na sua dignidade, onde as diversidades são vividas como exclusão e conflito, ao invés de enriquecimento”, disse o arcebispo.

A Santo Egídio, acrescentou, “gradualmente, espalhou-se para tantas outras Igrejas do mundo”, ampliando o raio de ação “não apenas geograficamente, mas também na multiplicidade das iniciativas e das obras... Com abertura e generosidade, vocês se deixaram guiar pelo Espírito, que, mediante as mais variadas circunstâncias, abriu estradas sempre novas, dilatando os seus horizontes sobre os mesmos da Igreja”.

Por fim, dirigindo-se a todos os membros da Comunidade presentes na missa junto com os migrantes, idosos, sem-teto acolhidos por eles, que estavam sentados poucas fileiras mais atrás em relação às autoridades – incluindo o presidente do Senado italiano, Pietro Grasso, a prefeita de Roma, Virginia Raggi, e os ministros Fedeli, Delrio, Boschi, Madia –, Dom Becciu concluiu: “Vocês são uma presença viva e criativa na Igreja de Roma. Continuem trabalhando tenazmente pela paz, pela reconciliação, pelo diálogo fraterno com os membros das várias religiões”.

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