Eu, Daniel Blake

Mais Lidos

  • Há 50 anos morria o homem que explicou a pobreza no Brasil

    LER MAIS
  • Lucernário "Entrego, Confio, Aceito, Agradeço - Rezando com os desalentados das tragédias climáticas"

    LER MAIS
  • Direitos sim, fordismo não!

    LER MAIS

Newsletter IHU

Fique atualizado das Notícias do Dia, inscreva-se na newsletter do IHU


Revista ihu on-line

Zooliteratura. A virada animal e vegetal contra o antropocentrismo

Edição: 552

Leia mais

Modernismos. A fratura entre a modernidade artística e social no Brasil

Edição: 551

Leia mais

Metaverso. A experiência humana sob outros horizontes

Edição: 550

Leia mais

10 Janeiro 2017

Uma das melhores reflexões sobre o mundo conturbado em que vivemos veio do inglês Ken Loach, com a joia humanista Eu, Daniel Blake, que lhe garantiu a segunda Palma de Ouro no Festival de Cannes 2016. Sua primeira Palma havia sido Ventos da Liberdade (2006).

O comentário é de Neusa Barbosa, publicado por Cineweb, 24-05-2016.

Não é uma temática nova a que Loach visita, como o desemprego – como ele fez no magnífico Meu nome é Joe (98). Mais uma vez, o título é uma afirmação de identidade de um homem comum, no caso, o carpinteiro Daniel Blake (Dave Johns). Aos 59 anos, ele sofreu um AVC e foi posto de licença médica. Meses depois, os médicos não o liberam para volta ao trabalho, já que ele continua frágil para exercer uma profissão fisicamente exigente. Ao mesmo tempo, um outro setor da burocracia estatal, a que lhe garante o pagamento da pensão, insiste que ele pode voltar e deve também procurar trabalho.

Preso num verdadeiro labirinto kafkiano, Daniel afirma sua sabedoria de homem simples, compondo um dos mais extraordinários heróis populares de que Loach, associado ao seu impecável roteirista, Paul Laverty, foi capaz de produzir. Mesmo num cotidiano de privações, Daniel encontra tempo e disponibilidade para ajudar seus jovens vizinhos imigrantes e também uma mãe solteira, Katie (Hayley Squires), outra vítima da formidável teia da burocracia britânica, que multiplica obstáculos no caminho de quem requer benefícios sociais. Por conta dessas barreiras burocráticas, Katie e seus dois filhos estão literalmente passando fome, dependendo dos chamados “bancos de alimentos” – num deles, ambienta-se uma das cenas mais dramáticas do filme.

Felizmente, o premiado cineasta não cumpriu a promessa apressada de aposentadoria, que anunciou após Jimmy’s Hall (2014). Aos 80 anos, ele mantém uma lucidez antenada sobre o mundo atual, compondo uma história nada maniqueísta, habitada por pessoas profundamente enraizadas na vida real. Como declarou recentemente em entrevistas, o roteirista Paul Laverty conta ter pesquisado intensamente as histórias que estão no filme. Segundo ele, nenhuma situação aqui retratada é fruto de sua imaginação.

Toda essa estrutura dramática cuidadosamente elaborada funciona perfeitamente na pele de dois atores naturalíssimos e, surpreendente, com mínima quilometragem no cinema - Dave Johns é um comediante com grande experiência no teatro e no stand-up e Hayley Squires, além de atriz, é dramaturga.


Ficha técnica

• Nome: Eu, Daniel Blake
• Nome Original: I, Daniel Blake
• Cor filmagem: Colorida
• Origem: Inglaterra
• Ano de produção: 2016
• Gênero: Drama
• Duração: 100 min
• Classificação: 12 anos
• Direção: Ken Loach
• Elenco: Dave Johns, Hayley Squires

Sinopse

Daniel Blake, um carpinteiro de 59 anos, não é liberado pelo serviço médico para voltar a trabalhar depois de ter tido problemas cardíacos. A burocracia governamental, no entanto, entende que ele deve voltar a trabalhar ou mesmo procurar emprego, senão pára de receber sua pensão. Ao mesmo tempo, ele ajuda uma jovem, mãe solteira de duas crianças, a lidar com problemas parecidos.

Trailer

Leia mais

Comunicar erro

close

FECHAR

Comunicar erro.

Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

Eu, Daniel Blake - Instituto Humanitas Unisinos - IHU