‘Brasil não conta com nenhuma cidade humana e inteligente’, diz especialista do Instituto LabCHIS

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11 Outubro 2016

O Brasil não conta com nenhuma cidade humana e inteligente, e para isso acontecer primeiramente é preciso mudar a cultura do carro nas pessoas. A afirmação foi do conferencista Eduardo Moreira da Costa, diretor geral do Instituto LabCHIS (Cidades mais Humanas, Inteligentes e Sustentáveis) com bases na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e no Rio, e professor do Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento da UFSC.

A reportagem é de Vivian Costa, publicada por Jornal da Ciência, e reproduzida EcoDebate, 10-10-2016.

A conferência “Cidades inteligentes e humanas” foi proferida no primeiro dia de atividades da Reunião Regional da SBPC, que vai até o próximo sábado (08), em Palhoça (SC). “Todo mundo quer um carro. E não pensam nas consequências que isso pode trazer para a cidade, inclusive o custo que tem com o automóvel”, observou.

O especialista afirma que a recuperação humana das cidades diz respeito a pensar esses espaços para as pessoas e não para os carros. Isso implica em ruas menores, calçadas, ciclovias em vez de vias expressas.

Para ele, para desenvolver as “HumanSmartCities” (Cidades humanas e inteligentes) é preciso desenvolver um projeto que proporcione condições para que as pessoas morem, se divirtam e trabalhem no mesmo lugar, cuja locomoção ideal seja à pé, de bicicleta ou de transporte público de qualidade.

“Temos que pensar nas maneiras de transformar nossas cidades, que estão um caos completo, em cidades mais agradáveis de se viver. Isso tem a ver com tecnologia, mas também com comportamento. Não é só colocar câmeras e centrais de controle, apesar de isso ser importante. Também é preciso trabalhar o comportamento, a atitude das pessoas, a regulação da cidade, o plano diretor municipal, tudo que é importante para tornar a cidade mais habitável”, disse.

Segundo Costa, Paris é o melhor exemplo de cidade inteligente. “O arquiteto que desenhou a cidade se baseou nas antigas vilas medievais que tinham uma milha de raio, por causa da locomoção. Ela foi construída em outras condições, mas que funciona muito bem nos dias atuais, já que a locomoção das pessoas é feita de transporte público, no caso metrô. É uma cidade impossível de se andar de carro. Não há nem local para se estacionar. Todos os bairros contam com serviços essenciais, o que é ideal”, comenta.

No sentido oposto, as cidades de São Paulo e Brasília são consideradas nada humanas ou inteligentes no País, por causa dos grandes congestionamentos e da falta de calçadas para se caminhar. “Mas muitas pessoas não pensam em mudanças. Se perguntarmos para qualquer brasileiro se eles querem mais calçadas ou ciclovias, com certeza eles responderão que querem mais pontes, avenidas, estacionamentos. Ou seja, a cultura do carro impera no País”, lamenta. Segundo Costa, a atual gestão do Rio de Janeiro tem pensado em transformar a cidade em mais humana e por isso tem realizado obras que buscam proporcionar uma vida mais sustentável à população.

Costa também citou como bons modelos sustentáveis no Rio de Janeiro as balsas de travessia entre a cidade e Niterói, desafogando o trânsito da ponte Rio-Niterói. “Aqui em Florianópolis, que poderia ser implementado um transporte do tipo, ninguém pensa na hipótese. Pelo contrário, todos querem mais uma ponte para chegar à ilha, para desafogar o trânsito causado nos horários de pico entre a ilha e o continente. Ninguém nem pensa em construir balsas para desafogar o trânsito, porque isso implicaria em oferecer transporte público de qualidade para essas pessoas que deixariam os carros em casa”, lamenta.

Quanto às mudanças, Costa disse que todos são responsáveis e que não podem só esperar mudanças do governo. “Alguns prefeitos têm construído ciclovias nas cidades, mas as empresas precisam oferecer chuveiro nos locais para que as pessoas possam ir de bicicleta e se arrumem no local. E isso pode ser uma negociação entre patrão e empregado. O governo não precisa intervir nisso”, exemplifica.

O processo é dinâmico, por isso deve ser desenvolvido com continuidade, afirma. “Temos que trabalhar isso continuamente, para que a cidade seja cada vez mais agradável. Há um conceito muito importante, que é pensar a cidade para a criança. Imaginar como a cidade seria, para ser legal para as crianças. Quando ela for legal para as crianças, será legal para todos nós”, finaliza.

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